Jackislandy Meira de Medeiros Silva
Acreditar nisso é um dever. Não aceitar é uma tolice. Nem sequer pensar é uma loucura. Dever, tolice, loucura. Em qual das três você se encaixaria? Ah, não importa. O que importa de fato? Bem, “o nada se basta a si mesmo” é uma ideia forte, e se faz pertinente seja lá como for, pois estamos atolados até o pescoço na existência.
Olhem em volta. Olhem para cima. Olhem para baixo. Olhem para dentro. Simplesmente não olhem. Soltem-se e percebam essa estranha sensação, a de que estamos lançados na existência. Não era isso o que dizia Sartre no seu “O existencialismo é um humanismo”?
Quanto mais o tempo passa, mais e mais nos convencemos de que não sabemos tudo de nada. Ninguém, na verdade, se basta a si mesmo. Há coisas que importam e que não importam. Mas, como é fácil confundir as duas. Na vida, estamos sempre na linha do horizonte entre opiniões absolutas e opiniões relativas. Na área da Educação, tem muita gente confundindo as duas coisas, quando nem ainda se tornaram ideias, mas ainda estão no campo das opiniões, do achismo, do empírico. O problema é que somos facilmente levados ou tentados a traduzir estas opiniões, melhor dizendo, por ideias absolutas dentro da Escola, o que não é muito produtivo. Para mim, a palavra Escola, de semântica diferente, tem significado semelhante ao da palavra Universidade, onde reúne uma diversidade de ideias, de opiniões e de conceitos para experimentar o debate. Atitudes extremas, radicais e unilaterais não combinam com um ambiente eminentemente diverso da Escola.
Em se tratando de Educação, há muita gente tomando a parte pelo todo mais do que se imagina, pensando que suas ações são eternas e universais, com forças sobre-humanas até, ignorando muita gente boa que se desdobra por uma educação mais criativa. Mas, tudo muda também na Educação, não nos esqueçamos dessa verdade. A educação de 30 anos não pode ser mais a mesma de hoje. Os conceitos mudaram, o mundo mudou. A história também. As informações estão mais rápidas. As relações estão meio que instantâneas e imediatas, o que prova que não somos mais os mesmos. Como diz acertadamente a música de Lulu Santos, “Como uma onda no mar”, “Nada do que foi será igual ao que já foi um dia, tudo muda o tempo todo no mundo, não adianta fingir, nem mentir para si mesmo agora, há tanta vida lá fora... Num indo e vindo infinito”. Se observarmos com cuidado, todos estão em volta da ideia de mudança, mesmo que isso cause um desgosto danado.
Em média, um aluno passa de 14 a 15 anos mais ou menos na Educação Básica que compreende Educação infantil, Ensino Fundamental e Médio no Brasil, o que chega a ser um tempo bastante considerável em que a Escola poderá ajudá-lo a decidir melhor sobre a carreira ou a profissão almejada. Em relação ao Professor, o aluno fica pouquíssimo tempo na Escola; já o Professor permanece em média de 30 a 40 anos na Escola. Aliás, muito mais tempo que isso, admitindo seus anos de formação, da Educação Básica passando pela Universidade até ao término da pós-graduação. Junte tudo isso e verás que o Professor passa uma vida inteira dentro da Escola.
Por isso e por muito mais, o Professor deveria sim ser muito bem tratado nesse país, na sua cidade, na sua comunidade, e sobretudo, na sua Escola, despertando o apreço e o respeito de seus alunos.
Por entrar numa Escola, ninguém está obrigado a ser médico, professor, engenheiro, cientista, pedagogo, odontólogo, filósofo, físico, químico ou matemático, mas alguns o são, e isso é bom. Da mesma forma que há os que não querem ser nada disso, o que também é um valor, vai ser outra coisa na vida, sem necessariamente ter uma profissão específica, o que também é muito bom. Ou seja, a Escola não vai determinar nada para o aluno; simplesmente, irá apontar caminhos e alternativas, para depois ou durante o processo de aprendizagem, poder escolher conforme queira.
A Escola, como tudo na vida, é uma passagem, um caminho, um percurso, uma etapa importante de nossa breve existência. Ela, por isso, não se basta a si mesma. Ela não é suficiente em tudo. A Escola precisa do apoio e acompanhamento da família, das igrejas, do poder público, das instituições em geral, da sociedade para ampliar mais ainda o conceito de uma Educação que quer ser cidadã. Mas, para isso, é urgente a consciência de que não nos bastamos a nós mesmos, ao invés de nos revoltarmos contra os Profissionais da Educação, levantando possíveis suspeitas quanto à responsabilidade de suas atividades pedagógicas. Será que exigimos de nós mesmos o quanto exigimos dos outros?
Façamos do tempo de Escola, um período propício, oportuno e gracioso de aprendizagem. Aprender, sobretudo, a aceitar o diferente com toda estranheza que há nele, pois a Escola é o lugar por excelência do choque de ideias, onde as opiniões se encontram e se desencontram, onde nascem os novos conceitos, onde as várias cabeças se tocam e se conflitam para colocar em movimento pensamentos frios e envelhecidos postos alguma vez no papel.
A Escola não se basta a si mesma, mas é necessária: Sem as Escolas, como os conceitos iam nascer? Sem as aulas, como os pensamentos iam mudar? Sem os debates, como íamos aprender? Sem estudar, como iríamos saber errar?
Colaboração Poliana Kalinca Will Eger
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