terça-feira, 18 de outubro de 2011

DO DIREITO DE DIZER-SE




“O que nos falta é a capacidade de traduzir em proposta aquilo que ilumina a nossa inteligência e mobiliza nossos corações: a construção de um novo mundo” (Herbert de Souza, Betinho)

Todos os cidadãos e cidadãs têm o direito de dizer algo sobre sua cidade. As Câmaras de Vereadores, também chamadas “Casas do Povo”, instaladas em todos os municípios de nosso país, com raras exceções  garantem espaços para que a comunidade possa expressar, livremente, os problemas que afligem a sua vida na cidade. Os obstáculos à cidadania e à manifestação popular que as casas legislativas impõem a seu povo não constituem importante contradição da própria democracia?
A cidadania precisa de um lugar de fala e de escuta pública. Ao falar do seu lugar, do seu bairro, da sua realidade, dos seus problemas e de suas conquistas, o povo diz-se a si mesmo. Deste modo, elabora um jeito de viver a cidade e conviver socialmente. Na medida em que os agentes políticos oferecem oportunidades para a população dizer-se, maiores serão as possibilidades de integração social e de resolução dos problemas que envolvem a coletividade.
Vivemos sob o regime da democracia representativa, mas felizmente uma parcela significativa da população vê também as Câmaras de Vereadores como um espaço que, por excelência, deveria acolher as suas demandas, sugestões e reclamações. As Câmaras de Vereadores, por acolherem a pluralidade das diferentes ideologias partidárias, poderiam organizar-se para oportunizar espaços de discussão sobre os destinos de uma cidade. Sem uma interlocução permanente com a população, o legislativo não cumpre com a sua finalidade de representar as demandas e os interesses desta mesma população.
Depois de eleitos, todos os vereadores passam a ser vereadores de toda a população de uma cidade. Infelizmente, muitos vereadores adotam posicionamentos direcionados somente àqueles grupos ou pessoas que tiveram interesse na sua eleição, deixando de cumprir sua missão de homens públicos, eleitos para legislar, acolher e encaminhar as demandas da comunidade, fiscalizar e acompanhar todas as obras públicas executadas pelo poder executivo. Por sua condição de homens públicos, suas atitudes, falas e intervenções públicas sempre são passíveis de questionamento, explicações e responsabilização, por mais que gozem de “imunidade parlamentar”.
A socióloga Maria Alice Canzi Ames, ao comentar sobre a impossibilidade de manifestação pública na Câmara de Vereadores de Santa Rosa, RS, afirma que “as ideias e as opiniões, mesmo sendo divergentes devem circular de forma livre. As pessoas têm direito dentro de um estado democrático de manifestar livremente a sua palavra”. Manifesta ainda que a atitude de barrar manifestações numa Câmara de Vereadores fere os princípios da democracia, que significa a autoridade e a força do povo.
A cidadania preconiza que tenhamos asseguradas possibilidades de todos viverem e dizerem a cidade da qual são parte. O que nos une, na democracia, são os interesses coletivos. Na sua cidade há espaços para o povo dizer-se? Os espaços sociais de sua cidade permitem a construção de uma nova sociedade?


Nei Alberto Pies, professor e ativista de direitos humanos.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Trombudo Central realiza mais um evento com sucesso

O trabalho Conjunto das Unidades de educação  Infantil:

ARTHUR KROENKE
CANTINHO DO AMOR - ERICA HASSE
CINDERELA
CHARLOTTE ILSE SCHINDLER
GENTE MIÚDA
JOHANNE SCHUTTE
MENINO JESUS
PINGUINHO DE GENTE
e do Grupo de Gestão da secretaria de Educação, proporcionaram aos pais um evento diferente e especial em comemoração ao dia da Criança.


Uma Palestra com o tema:

FAMILIA X CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL UMA PARCERIA EM FAVOR DA CRIANÇA

Os Palestrantes : Leandra Borges  (Psicóloga)   Edmir Rodrigues (advogado)

 O Evento chamou as  famílias  a responsabilidade para com os direitos  e deveres de suas  crianças, a  participação foi  efetiva, sendo que contamos  com mais de 100 pais e  professores presentes e também contou com a presença  do Conselho tutelar.
Ações desta natureza socializam a legislação  com as famílias e garantem além do conhecimento o fortalecimento da parceria entre família e CEI, tão necessária na Educação







"Muitos pais, em nome do amor, deixam de cobrar coisas que precisam cobrar e ficam poupando os filhos; o amor é poupar, nessa linguagem de excesso de amor estraga. O verdadeiro amor tem que educar a outra pessoa  e, para educar, muitas vezes, é preciso ajudar a organizar a vida, ajudar o filho a fazer o que ele é capaz. Mas os pais ficam poupando e acabam estragando seus filhos, em vez de ajudá-los..." 

( Içami Tiba)



domingo, 16 de outubro de 2011

Gosto de Gente!

Incentivar o gosto dos alunos pela leitura


 é uma das missões dos professores, defende educadora

11/10 | 14:05
De acordo com um levantamento feito pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), a maioria dos universitários brasileiros lê, em média, apenas de um a quatro livros por ano. A pesquisa foi feita com 19.691 estudantes de graduação de universidades federais de todo o país.
Na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), por exemplo, 23,24% dos alunos não chegam a ler uma obra por ano, enquanto apenas 5,57% leem mais de dez títulos no mesmo período. Já na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), os alunos se dedicam mais à leitura: 22,98% deles costumam ler mais de dez livros por ano.
Para Vera Lúcia Pereira dos Santos, doutora em Linguística e em Língua Portuguesa e suporte pedagógico de língua portuguesa do Agora Sistema de Ensino e do Ético Sistema de Ensino, ambos da Editora Saraiva, incentivar o gosto pela leitura é uma das missões dos professores. Isso em todas as fases da vida do estudante.
“Os benefícios da leitura ultrapassam o currículo da escola, mas são germinados por ela. A literatura, porém, não deve ser tratada, em primeira instância, como matéria didática que se ministra em minutos cronometrados pela duração de uma aula, ou várias, a que se subordina leitura obrigatória de livros”, afirma.
Todavia, com as novas tecnologias virtuais, o livro impresso perdeu um grande espaço na formação de jovens. Por isso mesmo, é fundamental que o educador aproveite o espaço da sala de aula para despertar nos estudantes o interesse por ler sempre, e não só quando for obrigado pelo colégio ou pela faculdade.
“Há testemunhos desanimadores, como o de pessoas que se orgulham em dizer que nunca leram um livro inteiro na vida e, mesmo assim, entraram em uma faculdade apenas lendo resumos na internet. Ao mesmo tempo, é reconfortante saber que a geração atual de jovens está descobrindo o prazer de ler por meio de best-sellers, como os da saga Crepúsculo e os da série Harry Potter, que servem de ponto de partida para eles chegarem aos clássicos. Um livro puxa outro e prepara para o seguinte”, explica a doutora Vera.
Sistemas de ensino da Saraiva
O Ético e o Agora, os dois sistemas de ensino da Editora Saraiva, disponibilizam para as escolas parceiras uma completa linha de materiais didáticos, da Educação Infantil ao Ensino Médio, além de um conjunto de soluções educacionais integradas.
Isso inclui portal para alunos e educadores, cursos presenciais e a distância para professores e gestores municipais, análise de desempenho escolar e ampla assessoria pedagógica. O Ético também oferece uma linha de materiais didáticos de reconhecido rigor conceitual para cursos pré-vestibulares.
Já o Agora foi desenvolvido com o objetivo de contribuir para a educação pública brasileira por meio de uma ação educativa eficaz. “O Agora visa atender à identidade da escola pública. Um dos seus diferenciais é sua proposta pedagógica, que evidencia valores e conceitos de humanidade e cidadania por meio de uma aproximação entre o dia a dia dos estudantes e o contexto escolar”, afirma José Arnaldo Favaretto, diretor de Sistemas de Ensino da Saraiva.
Autor: Planeta Educação

A teoria é boa, mas a prática…

10/10 | 19:16

Pesquisadores garantem que faltam ações práticas nos cursos que formam professores para o ensino básico, mas não é só isso que deve ser mudado


Junte uma dose caprichada de paciência com muitas colheres de dedicação. Adicione uma xícara cheia de vontade de transformar a vida das pessoas, acrescente várias horas de estudos, e mais alguns livros com as teorias educacionais de Piaget, Freire, Vygotsky, Wallon, entre outros.


Receita de como fazer um bom professor? Sim! Muito embora essa seja uma tarefa difícil de acertar. Só faltou aí a prática, ausência sentida não só na receita da fantasia, mas também nas instituições responsáveis pela formação inicial dos professores.


O que seria, então, necessário para se formar um bom professor? Sim, é indispensável ter conhecimento teórico sobre os grandes pensadores da Educação. Mas não é só isso!


O professor precisa estar inteirado também da realidade da sala de aula. Esta foi a conclusão apresentada por pesquisadores durante o Congresso Internacional Educação: Uma Agenda Urgente, realizado em Brasília no mês de setembro.


Entre os especialistas citados está Gisela Wajskop, doutora em Metodologia de Ensino e Educação Comparada pela Universidade de São Paulo (USP) e diretora acadêmica do Instituto Singularidades.


Gisela argumenta que os programas de estágio propostos hoje pelos cursos de formação de professores não são suficientes. “Eles ocorrem no final do curso. Para fazer direito, essa é a parte mais específica, trabalhosa e cara da formação”, considera. Ela explica que, ao concluir a faculdade, se o estudante ainda não sabe lecionar, será difícil aprender só por observação. Para ela, essa não é a melhor opção porque as experiências práticas brasileiras, com raras exceções, são muito ruins.


A especialista afirma que, para funcionarem, as aulas de estágio deveriam ser obrigatórias desde o primeiro semestre dos cursos de formação, com uma sequência que vai da observação, passa pela análise das práticas, até chegar a uma prática de pré-exercício. Dessa forma, o estágio proporcionaria uma entrada gradativa e tutelada no espaço escolar. Para quem questiona o porquê de tanta preocupação, Gisela responde. “As questões associadas ao professor novato têm sido bastante estudadas e demonstram que eles se sentem muito sozinhos. Muitos abandonam a profissão por não saberem o que fazer frente a conflitos entre alunos ou a alguma pergunta relativa ao conteúdo das aulas”, relata.


Modelo às avessas


A conclusão, então, é de que quem precisa de uma revisão são os cursos de formação de professores. Gisela defende ser necessário rever o próprio lócus da Pedagogia e das licenciaturas como lugar de formação. “Temos que repensar os currículos, associando aos cursos de formação um ensino mais prático, no qual os estudos sejam visceralmente vinculados às redes de ensino e à sala de aula”.


Doutoranda em Ciências Sociais na USP e coordenadora geral executiva da Associação Parceiros da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro concorda com a necessidade de se repensar os cursos. “Embora a formação continuada seja indispensável, ela não substitui uma boa base oferecida na formação inicial”, considera ela. A coordenadora lembra que os melhores sistemas de Educação do mundo são de países com duas características específicas. A primeira está relacionada a um processo de seleção rigoroso adotado pelas faculdades que formam professores. E na segunda, os futuros educadores estudam a parte teórica, mas também componentes sólidos de prática aplicada.


Os países que ela cita como exemplos são o Canadá, a Finlândia e a Coreia do Sul. Já no Brasil, na sua avaliação, esse trabalho está aquém do desejado. “A grande maioria das faculdades públicas e particulares não desenvolve bons programas de formação inicial”, critica a pesquisadora. Maria Helena conta que, por aqui, essa formação é basicamente teórica, não tem didática aplicada à sala de aula e não tem praticamente nada do conteúdo necessário para que os professores possam trabalhar com seus alunos. “Já sabemos que a formação inicial brasileira não funciona. Ela tem que passar por uma enorme transformação; precisa ser mais integrada às escolas públicas”.


Experiência


Maria Helena afirma que os professores saem das faculdades despreparados porque não há, no Brasil, uma residência pedagógica. “Em muitos países, os professores ficam pelo menos um ano como residentes, dentro da escola, antes de serem certificados”, destaca.


O melhor exemplo, para ela, é a Finlândia. “Lá eles ficam três anos em residência e depois são submetidos a exame de certificação, que verifica se eles têm perfil e condições de assumir uma sala de aula”. É esse estágio probatório, que não existe no Brasil, que compromete ainda mais o trabalho do professor. “Aqui o professor que fez faculdade vai para a sala de aula independente de ter perfil para isso”. Mas tudo é culpa só do professor? De acordo com Maria Helena, algumas pesquisas indicam que, isoladamente, o fator interno à escola que mais impacta no aprendizado do aluno é a qualidade do professor.


Contudo, há que se considerar também o pouco tempo que a criança fica na escola, o fato de os profissionais menos experientes atuarem nos anos iniciais e também uma falha geral relacionada às políticas públicas voltadas para a Educação.


Para tudo há uma explicação


Pró-reitora de graduação da Unive­rsi­dade Federal de Goiás (UFG), San­dra­mara Matias Chaves é categórica em dizer que não se pode culpabilizar o professor pela má qualidade do ensino nem a formação superior desse profissional. Ela acredita, inclusive, que a grande maioria dos professores saia das universidades preparada para lecionar. Principalmente, tratando-se dos alunos da UFG. Sandramara diz não ter dúvidas de que a instituição propicie uma formação de extrema qualidade aos futuros professores.


O problema, segundo ela, está no contexto no qual os estudantes estão inseridos. “Existe toda uma formação que se dá durante a vida da pessoa e um contexto socioeconômico que interferem na formação superior”, explica. Ela afirma que, normalmente, quem busca os cursos de formação de professores nas universidades são pessoas que receberam a escolaridade básica na rede pública, onde a qualidade do ensino deixa a desejar. E isso influencia no curso superior. Assim como Maria Helena, Sandra­mara acredita que é preciso rever as políticas públicas voltadas para a Educação e para os educadores de forma que a profissão se torne mais atrativa e valori­za­da. “Assim como eles se interessam por outras profissões que têm mais perspectiva no mercado de trabalho”, completa.


Autor: Tribuna do Planalto
fonte:  http://undime.org.br/a-teoria-e-boa-mas-a-pratica/

Dos professores, de todos os dias.




“As verdadeiras questões da educação resultam de que nas escolas há pessoas jovens, que devem ser ajudadas, tanto quanto possível, a serem felizes. E em que a felicidade dessas pessoas, como a de todas as outras, consiste em satisfazerem a ânsia profunda que têm de verdade, de bem e de beleza. Não em terem coisas e conforto”. (Paulo Geraldo)


Nós, professores e professoras de todos dias, mergulhamos no complexo desafio de humanizar crianças, adolescentes, jovens e adultos a partir da construção do conhecimento. Os tempos mudam, mas não mudou o papel da escola. A escola é o grande laboratório onde se geram a socialização e convivência interpessoal, bem como a construção do conhecimento, a partir das idéias e iniciativas inerentes à criatividade humana.
Abençoada seja a nossa missão de educar. Abençoados sejam nossos propósitos, mesmo nem sempre compreendidos pelos alunos, pais e comunidade. Abençoadas sejam nossas famílias que se geram neste contexto que exige ousadia, paciência, preparo e persistência, em resumo, em doação à vida dos outros. Abençoada seja a nossa saúde física e mental, pois não podemos adoecer e nem fraquejar. Abençoados sejam todos aqueles e aquelas que, por nossas mãos, mentes e coração aceitaram e aceitam o desafio de fazer-se gente, a partir dos seus potenciais e da superação de seus limites. Abençoados todos aqueles que acreditam no trabalho do professor.
Nada mais gratificante em nossa profissão do que o reconhecimento de alunos e alunas que, mesmo tardiamente, fazem questão de afirmar que a gente fez diferença em suas vidas. Não há como medir, no cotidiano da vida escolar, quando e como realizamos ações ou atitudes que marcaram positivamente a vida de um de nossos alunos. Afinal, a gente nunca foi e nunca será gênio para adivinhar; sempre seremos visionários para arriscar, mudar e ousar. Nisto, sempre fomos mestres.
O que entristece a nossa vida é que tanto cuidamos da vida, dos sonhos e dos problemas dos outros, mas nem sempre somos bem cuidados. Queríamos, sim, reconhecimento por nosso maior feito: preservar a importância da educação e da escola para o nosso país, para o mundo.
Muitos falam de educação, mas não são professores. Arriscam palpites sobre melhorias na educação, mas não perguntam sobre o que a gente tem a dizer. Não se importam com nossos baixos salários, muito menos com nossas dificuldades de lidar com as múltiplas dimensões e necessidades presentes nos nossos alunos. Nestes últimos quesitos, lutamos solitários. Embora não tenha mudado o papel da escola e da educação, mudaram as exigências para que possamos construir uma boa aprendizagem. Temos observado que nem todo aluno e nem todos os pais vêem a escola como uma forma de inserção na vida social e científica. Que as necessidades dos nossos alunos estão muito além para aquilo que a escola consegue oferecer. Que escolas e professores nem sempre estão em condições de dar conta de tudo o que está “depositado” neles.
O fato é que, a complexidade de nosso mundo é a complexidade da nossa escola; esta complexidade está nos distintos recantos de nosso país. O que muda de uma escola para o outra é o modo de conduzir os processos de aprendizagem e de interação social, mediados pelo conhecimento. A especificidade de cada escola e de cada contexto é que precisam ser sempre avaliados, reconhecidos e apoiados.
O professor, neste contexto, está fragilizado, exposto e pressionado por resultados e expectativas que não dependem somente de sua atuação. Mas professores e professoras resistem bravamente. Sabem que a dureza dos desafios cotidianos supera-se na disposição de lutar por melhores dias na educação, mas também na sua disposição de amar e sentir compaixão. Como escreveu Paulo Freire, não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.

Nossos dias se chamam “muito trabalho”. Nosso alento, “esperança de dias melhores”.
Artigo de Nei Alberto Pies, professor e ativista de direitos humanos


Colaboração Professora Poliana Kalinca Will Eger

Novo Piso Salarial 2024

  A luta está em torná-lo  real no holerite dos profissionais