Apresentação
A complexidade do modelo federativo brasileiro, as lacunas de regulamentação das normas
de cooperação e a visão patrimonialista que ainda existe em muitos setores da gestão pública
tornam a tarefa do planejamento educacional bastante desafiadora. Planejar, nesse contexto,
implica assumir compromissos com o esforço contínuo de eliminação das desigualdades que
são históricas no Brasil. Para isso, é preciso adotar uma nova atitude: construir formas orgânicas
de colaboração entre os sistemas de ensino, mesmo sem que as normas para a cooperação
federativa tenham sido ainda regulamentadas.
A Emenda Constitucional nº 59/2009 (EC nº 59/2009) mudou a condição do Plano Nacional
de Educação (PNE), que passou de uma disposição transitória da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996) para uma exigência constitucional com periodicidade
decenal, o que significa que planos plurianuais devem tomá-lo como referência. O plano
também passou a ser considerado o articulador do Sistema Nacional de Educação, com
previsão do percentual do Produto Interno Bruto (PIB) para o seu financiamento. Portanto,
o PNE deve ser a base para a elaboração dos planos estaduais, distrital e municipais, que, ao
serem aprovados em lei, devem prever recursos orçamentários para a sua execução.
Diante desse contexto, não há como trabalhar de forma desarticulada, porque o foco central
deve ser a construção de metas alinhadas ao PNE. Apoiar os diferentes entes federativos nesse
trabalho é uma tarefa que o Ministério da Educação (MEC) realiza por intermédio da Secretaria
de Articulação com os Sistemas de Ensino (SASE). O alinhamento dos planos de educação
nos estados, no Distrito Federal e nos municípios constitui-se em um passo importante para
a construção do Sistema Nacional de Educação (SNE), pois esse esforço pode ajudar a firmar
acordos nacionais que diminuirão as lacunas de articulação federativa no campo da política
pública educacional.
O presente documento, elaborado em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE) e com contribuições da Associação Nacional de Política e Administração da Educação
(ANPAE)1
, traz algumas análises e informações sobre cada uma das metas nacionais com o
objetivo de aproximar, ainda mais, agentes públicos e sociedade em geral dos debates e desafios
relativos à melhoria da educação, tendo por eixo os processos de organização e gestão da
educação, seu financiamento, avaliação e políticas de estado, com centralidade no PNE e na
efetiva instituição do SNE. Além disso, outro propósito deste texto é sensibilizar a todos sobre
as responsabilidades a serem assumidas, o que exige que cada município, estado e o Distrito
Federal conheçam e discutam a relevância de todas as metas, contribuindo para que o País
avance na universalização da etapa obrigatória e na qualidade da educação.
O texto contextualiza cada uma das 20 metas nacionais com uma análise específica,
mostrando suas inter-relações com a política pública mais ampla, e um quadro com sugestões
para aprofundamento da temática. Além disso, traz as concepções e proposições da Conferência
Nacional de Educação (CONAE 2010) para a construção de planos de educação como políticas
de Estado, recuperando deliberações desse evento que se articulam especialmente ao esforço
de implementação de um novo PNE e à instituição do SNE como processos fundamentais à
melhoria e organicidade da educação nacional.
Sabemos que a busca pela equidade e pela qualidade da educação em um país tão
desigual como o Brasil é uma tarefa que implica políticas públicas de Estado que incluam uma
ampla articulação entre os entes federativos. Vivemos atualmente um momento fecundo de
possibilidades, com bases legais mais avançadas e com a mobilização estratégica dos setores
públicos e de atores sociais importantes neste cenário. É possível realizar um bom trabalho
de alinhamento dos planos de educação para fazermos deste próximo decênio um virtuoso
marco no destino do nosso País.
Apresentação
1 EQUIPE DE ELABORAÇÃO: Márcia Angela da Silva Aguiar (UFPE), Luiz Fernandes Dourado (UFG), Janete Maria Lins de Azevedo
(UFPE), João Ferreira Oliveira (UFG), Catarina de Almeida Santos (UnB), Karine Moraes (UFG) e Nelson Cardoso Amaral (UFG).
Colaboração: Flávia Maria de Barros Nogueira (SASE/MEC), Rosiléa M. R. Wille (SASE/MEC) e Walisson M. de P. Araújo (SASE/MEC)
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Eu aguardo as sementes que você possa vir a lançar. Depois selecioná-las e plantar.