sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Mario Sérgio Cortella

vale a pena conferir


Filosofando - pequena aulaEntrevista a Jô Soares com enxertos de trechos de obras diversas do autor
Ser filósofo é trabalhar na tentativa de ir além do óbvio. Trabalhar contra a idéia de que as coisas são aquilo que a aparência carrega. A filosofia é uma indagação. Ela lida com os “por quês” e não com os “comos”.

A minha obra é o futuro. Quando você se for, o que é que vai restar? O que você vai deixar?

Dizem os chineses que, no xadrez, após o término do jogo, tanto o rei quanto o peão vão para a mesma caixinha, independente dos resultados obtidos sobre o tabuleiro desta vida.

Mário Quintana teve a mesma idéia que eu e mandou escrever na lápide do seu túmulo:“Eu não estou aqui”. - Agora só me resta mandar escrever, no meu: “Nem eu”.

Quando perguntavam a Mário Quintana porque nunca se casou, ele respondia: "Preferi deixar dezenas de mulheres esperançosas do que uma só desiludida".

Minha mãe, Dona Emília, diz o seguinte: “Se você cuidar direitinho do seu corpo, ele dura a vida inteira”.

Tudo isso é filosofia.


Idade 

Uma frase que circula por aí diz que “quanto mais a pessoa vive, mais 'velha' fica”. Isso é uma bobagem, porque nós não nascemos prontos. Se tivéssemos nascido prontos, não haveria como aprender mais nada; não existiria a educação e nem nem aperfeiçoamento humano. - A pessoa não nasce pronta e vai se gastando, isso não acontece com gente. Quem nasce pronto e vai se gastando é utensílio, roupa, eletrodoméstico: fogão, sapato, geladeira, liquidificador... Seres humanos nascem incompletos, não-prontos, e vão se aperfeiçoando ao longo da vida. O “Mário Sérgio Cortella 2008” é minha mais nova e perfeita versão.

A filosofia vêm ganhando novos níveis de reflexão no Brasil. Hoje ela mescla um pouco da moda de se fazer pequenos cursos nessa área e também a parte séria: O nosso modo de vida no dia a dia esgotou um pouco alguns dos modelos de tecnologia, trabalho insano, uma vida acelerada demais... E a filosofia nos traz momentos importantes de indagação, reflexão, que às vezes servem de consolo e às vezes não.

Os latinos têm uma expressão que eu gosto muito que é “gracia”, que significa abençoado, protegido. Mas cuidado, porque é uma tradução do grego “karis”, de onde vêm “carisma”, “carismático”... "Gracia" significa "protegido" e "abençoado". – Dar graça é deixar o mundo protegido, abençoado. Uma pessoa engraçada é alguém que deixa o mundo melhor, alguém que enche o mundo de graça. O contrário de engraçado é desgraçado: vida desgraçada, gente desgraçada... O indivíduo que deixa a vida cheia de graça é aquele que se sente bem. Ser engraçado não é ser ridículo. Uma pessoa engraçada é aquela que faz você se sentir bem.

A filosofia tenta deixar o mundo mais engraçado, mas sem obscurecer as desgraças que temos no nosso cotidiano, pois são parte da realidade. Um filósofo ou uma filósofa se dedica a pensar um pouco. Não é necessariamente capaz de fazer arte, interpretar ou fazer música como fez Wagner, mas é capaz de fazer coisas estupendas. Eu me lembro de um personagem de tiras em quadrinhos chamado "Reizinho". Numa de suas histórias, o Reizinho gritava ao guarda da torre do palácio: “Algum inimigo à vista?” - E o guarda respondia: ”Defina inimigo!?”... O quadrinho seguinte era o Reizinho pensando consigo mesmo: “Nunca coloque um filósofo como sentinela”

O filósofo quer a definição, quer a percepção... Nem sempre ele aceita a acomodação. Quando você coloca água numa caneca ela se conforma à caneca. O filósofo é aquele que gosta de transbordar. Ele quer transbordar e convida todos a transbordarem, ultrapassarem as "bordas" impostas. Ele não se conforma...

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Eu aguardo as sementes que você possa vir a lançar. Depois selecioná-las e plantar.

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