O tema já se tornou clichê, basta verificar as mídias e as redes sociais, os brasileiros estão contagiados pelo desejo de demonstrar indignação, expor as pessoas e ao mundo o quanto está deficiente a saúde, a educação e muitas das outras políticas públicas deste país.
Em uma análise primária também fico feliz, de certa forma me parece que existe um despertar, indispensável para ser o antecessor de possíveis mudanças.
Também considero legítimo e necessário os manifestos, evidente! Tenho observado as políticas públicas e não é nem de hoje. Tenho militado sempre, indo de casa em casa, de reunião em reunião sempre conversando com pessoas e levando a eles planos de governo e propostas nas quais eu acredito, levantando e expondo a minha bandeira. Já fui muito mal interpretada por conta de ter posicionamento.
Existem boas propostas,políticos bons, sim! O que não quer dizer que eu não tenha me decepcionado com muitos também, que com boas propostas ao chegarem ao poder não as conseguiram efetivar. Minha forma de manifestar é esta, escolhendo um lado por acreditar e deixando isso muito e bem claro.
Minha forma de manifestar é desempenhando com seriedade meu trabalho, auxiliando meus alunos e colegas de trabalho a pensar,conversando, mudando de ideia, sendo crítica, observando sempre os dois lados.
Minha forma de manifestar se apresenta na ética com que trato todas as questões que se apresentam e dependem das minhas decisões.
Eu me manifesto diariamente trabalhando todas as horas para as quais sou paga e tantas outras horas a mais... Eu me manifesto cumprindo minha função social como educadora e como cidadã.
Sou oposição política ao atual governo federal, não acredito na forma que governam, não respeito políticas públicas compensatórias, não acredito em quem diz ser diferente sendo pior que os iguais. Pode haver alguém tão pouco simpatizante como eu , mas mais eu duvido.
Sinceramente quando observo alguns manifestantes, a postura que estes mesmos tem em épocas de escolha de candidatos, me decepciono e o grande movimento perde parte do meu respeito. Eu mesma já ouvi pessoas tão aparentemente críticas dizerem: não gosto de me envolver em política ... Vou votar porque é uma pessoa "boazinha". (convida pra compadre!) Vejo pessoas faltando ao trabalho sem necessidade, sem ao menos estarem doentes, vejo pessoas faltando com o cumprimento de suas funções. Eu mesma já vi grupos saírem do foco e do objetivo que tem obrigação de desempenhar ...fazendo outras tantas atividades ao invés do seu "serviço". Votando em troca de favores pessoais... Detalhes, apenas para ilustrar. Alguns dos mesmos que agora bradam por governantes honestos. Os mesmos que abominam todo e qualquer tipo de governo, votam nos mesmos e agora querem usar nariz de palhaço.
Nossa briga é histórica, nossas mazelas também, eu bem sei, e partido algum tem apenas pessoas boas ou ruins, mas que nos últimos dez anos estamos sob o mesmo comando, isso também é visível a quem quiser ver. E a aprovação que ora está estremecida, pode sim aumentar diante de alguma medida compensatória ou bolsa a ser criada.
Alguns imaginam que devam caminhar e caminhar e caminhar, fazer faixas, pintar o rosto, contestar todas as "PECS", todos os dias nas ruas deste país. Isso permite a alguns jovens que nunca viveram um movimento igual sentir na pele esta sensação a outras pessoas que já se manifestaram em outras épocas vivenciarem a emoção de outrora, tem uma conotação cívica, também me emociona ouvir o hino do meu país em coro. Mas precisamos transcender a isto, e MUITO!
Minha esperança está na mesma veemência no ano que vem, nas urnas e daqui a outros três anos e depois e depois e depois. Se minha esperança se concretizar não haverá melhor marcha rumo ao país que almejamos.
Portanto não irei às ruas manifestar ( sem desconsiderar quem vai) meu manifesto acontece nas urnas, a muitos anos e continuará, tenho o entendimento que no regime democrático em que vivemos é votando que realmente poderemos transformar esta nação. Precisamos escolher representantes, por sorte não vivemos mais a monarquia e nem o militarismo. Já era tempo de termos aprendido a votar e também tempo de nossas crianças terem professores e famílias que as ensinassem a serem críticas e não apenas cricris.
Um plebiscito? Para dizer aos governantes o que já sabem... para dispender de mais e mais recursos "públicos"e para dar a sensação de que o povo conseguiu tal conquista e está sendo ouvido. Ah! Brincam novamente com a minha crença, não é justo fazer de conta que ouve o que já se sabe,isso nada mais é do que usar uma "inocente" massa de manobra.
Eu hesitei em escrever, mesmo porque comunicação depende do entendimento do interlocutor, mas me sinto aliviada ao reler cada uma destas palavras.
Assim é o meu MANIFESTO!
Cátia Regina Marangoni Geremias
30/06/2013