quarta-feira, 5 de março de 2014

O COORDENADOR PEDAGÓGICO E A AÇÃO DO PLANEJAMENTO ESCOLAR


Resumo:
Este artigo aborda as dimensões do coordenador pedagógico e sua ação mediante o planejamento educacional. Ação pautada no coletivo em busca da formação do individuo por meio de uma educação de qualidade que tenha como base o respeito à cultura na qual a escola está inserida. Através do currículo pedagógico que tem como norteador o Projeto Político Pedagógico, o coordenador complementa e suplementa a ação dos docentes.

Palavras-chave: Coordenador. Planejamento. Currículo. Ação. Reflexão.
1. INTRODUÇÃO
O coordenador pedagógico que antes tinha como principal função controlar, fiscalizar o trabalho dos professores, se apresenta com uma nova característica, ser aliado do professor no sentido de contribuir para que o planejado seja efetivado.
Nesse sentido o planejamento é fundamental, pois nele estão contidas as necessidades, as possibilidades, os procedimentos e os recursos a serem empregados na prática pedagógica.
No planejamento encontra-se o projeto pedagógico curricular que expressa a cultura da escola. Portanto, para que o coordenador atue de forma satisfatória precisa conhecer os níveis de currículo, os tipos de currículo e a organização do currículo, pois assim, contribuirá positivamente para uma prática onde quem mais ganha é a própria educação.
1. O Coordenador Pedagógico
A origem do papel da supervisão no Brasil se deu no século XVI por influência dos jesuítas com o propósito de ouvir e observar os professores. Sendo que o modelo atual se inspirou no modelo dos Estados Unidos no século XVIII como inspeção escolar no auge do processo de industrialização. A lei nº 5.693/71 em pleno Regime Militar a instituiu como função tecnicista e controladora.
Com a implantação da supervisão educacional ocorre uma divisão social do trabalho, no qual se destaca os que pensam, decidem, mandam e os que executam. O professor perde sua autonomia, pois entre ele e o trabalho está à figura do técnico (coordenador).
Existem duas definições do papel do coordenador, uma negativa e uma positiva. A negativa diz que o coordenador não é e não deveria ser fiscal de professor, dedo-duro, quebra-galho, tarefeiro, tapa-buraco. Na versão positiva, o supervisor é o articulador do Projeto Político Pedagógico da instituição no campo pedagógico; organiza a reflexão, a participação e os meios para a concretização do projeto.
O coordenador em primeira instância é um educador que deve estar no combate a tudo que desumaniza a escola. Seu foco no trabalho de formação é tanto individual quanto coletivo. Sua práxis compete às dimensões reflexiva, organizativa, conectiva, interventiva e avaliativa.
A atuação da coordenação pedagógica no que tange a função social se dá no campo da mediação, pois deve articular a pedagogia de sala de aula e a pedagogia institucional. Sendo assim, deve acompanhar o trabalho do professor o acolhendo em suas dificuldades, fazendo críticas construtivas, comprometendo com a busca de melhores condições de trabalho na escola. O coordenador é um mediador entre a instituição mantenedora e os professores e entre a comunidade e professores.
A coordenação pedagógica deve ser capacitada nas três dimensões básicas de formação humana: conceitual, procedimental e atitudinal. A atitudinal é a mais difícil de ser trabalhada, pois envolve valores, interesses, sentimentos, disposição interior e convicções. O coordenador precisa desenvolver um mínimo de empatia para com o grupo, aplicando com coerência as categorias de análise que são elas: criticidade, ir além do superficial, valorizar os aspectos positivos; historicidade, saber como sair desta situação, investigar a gênese do problema.
Na dimensão procedimental, refere-se ao saber fazer, encontrar caminhos para concretizar o que se busca. Ela se pauta nas categorias de: intervenção, em que a práxis é a chance de transformação da realidade, pois se estabelece na escola uma dinâmica de ação-reflexão, desenvolve uma metodologia que contemple a compreensão da realidade, clareza dos objetivos, age de acordo com o planejado e avalia a prática; sustentação, para sustentar um processo de mudança é preciso que tenha ética entre os membros do grupo, visão de processo, avaliação e participação.
A dimensão conceitual, o coordenador deve ter conhecimento para saber argumentar, construir e desconstruir conceitos.
2. Ação do planejamento escolar
Planejamento Escolar consiste numa atividade de previsão da ação, ou seja, implica-se numa preparação para algo a ser objetivada para atender às necessidades dentro das possibilidades, procedimentos e recursos a serem empregados, condizentes com o tempo de execução e as formas de avaliação.
Ele irá se concretizar em planos e projetos da escola, do currículo e do ensino representando uma meta, uma seqüência de ações que irão orientar o educador referente à ação, reflexão e deliberação da prática em curso. Inclui também a avaliação dos processos e resultados previstos no projeto baseado na análise crítica e profunda do trabalho realizado havendo a reordenação dos rumos.
O planejamento dentro do projeto pedagógico curricular expressa a cultura da escola porque está assentado nas crenças e valores orientando as práticas para produzir uma realidade voltada para a ação pedagógica não no sentido de “como se faz”, mas principalmente “por que se faz” para assim obter as finalidades sociais políticas almejadas pelo grupo de educadores (Libâneo, 1998).
No que se refere à proposta curricular o planejamento é coletivo e assegura a concepção e o formato do currículo escolhido, a articulação vertical e horizontal entre as áreas/disciplinas do currículo.
O projeto pedagógico é um ingrediente do potencial formativo das situações de trabalho e pode ser denominado de vários nomes. Porém, o que importa é o processo de ação-reflexão-ação que se instaura na escola envolvendo todos os seus integrantes. O projeto concretiza o processo de planejamento, de modo que “fazer planejamento” é ir percorrendo as várias fazes de elaboração do projeto.
O currículo constitui o elemento nuclear do projeto pedagógico, é ele que viabiliza o processo de ensino aprendizagem. O currículo define o que se ensina, o para quê ensinar, como ensinar e as formas de avaliação, em estreita colaboração com a didática.
A maneira como a sociedade seleciona, classifica, distribui, transmite e avalia os saberes educacionais destinados ao ensino, reflete as intenções e práticas sociais que estão por detrás do currículo. Ou seja, a seleção é feita a partir do que a sociedade julga necessário ser incorporada pelos alunos.
O currículo é a concretização do posicionamento da escola face à cultura produzida pela sociedade, o currículo representa a seleção e a organização da cultura.
Os níveis de currículo são: formal, real e oculto. A diferença entre eles mostra o que os alunos aprendem na escola ou deixam de aprender, depende de muitos fatores e não apenas das disciplinas previstas na grade curricular.
O currículo tem uma dimensão externa que se inicia na esfera política e administrativa do sistema escolar, passa pelas crenças, valores, comportamentos existentes na cultura, trabalhado pelos professores até chegar aos alunos.
Quanto à organização escolar, o currículo está dividido em: currículo tradicional que se caracteriza pela organização do conhecimento por disciplinas compartimentalizadas, caráter livresco e verbalista; currículo racional-tecnológico tecnicista se baseia na transmissão de conteúdos e desenvolvimento de habilidades a serviço do sistema de produção; currículo escolanovista (ou progressivista) está centrado no aluno tendo a experiência como forma de ligar a escola com a vida e adaptar os alunos ao meio; currículo construtivista crença no papel ativo do sujeito no processo de aprendizagem; currículo sócio-crítico possui várias correntes que dão ênfase às questões políticas ou pedagógicas no processo da formação em quanto ser social-político; currículo integrado ou globalizado caracteriza-se pela estrutura cognitiva e afetiva dos alunos tendo a interdisciplinaridade como princípio fundamental na formação do modelo curricular.
Os tipos de currículos são: currículos fechados são caracterizados por disciplinas isoladas, inscritos numa grade curricular, professores limitam-se a segui-los, sem autonomia para tomar decisões, não levando em consideração os saberes e competências dos docentes; currículos abertos voltam-se para a integração entre as disciplinas, contam com a participação dos professores respeitando seus saberes e valorizando suas competências.
Existem alguns princípios que são importantes na construção de um currículo sócio-crítico: a escolarização básica obrigatória; seleção de conteúdos; cruzamento de culturas; ensino e aprendizagem centrados no ensino do aprender a pensar e do aprender a aprender; compreensão e clarificação de valores e atitudes; relação entre conhecimento e ação; superação do currículo pluridisciplinar, favorecendo a integração interdisciplinar; considerar a diversidade cultural e as diferenças; melhor qualidade cognitiva e operativa das experiências de aprendizagem; articulação entre as dimensões cognitiva, social e afetiva da aprendizagem; investimento no desenvolvimento pessoal e profissional dos professores e cultivar os processos democráticos e solidários de trabalho, convivência e tomada de decisões.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na origem da coordenação pedagógica, o coordenador era o “fiscal”, o chefe que gerenciava a produção. Hoje, deseja-se que este se configure como alguém que auxilia e contribui para a melhoria do processo de ensino aprendizagem, objetivando uma educação de qualidade. Sendo assim, ele é responsável pelo desenvolvimento de um Projeto Político Pedagógico e por colocar essa proposta em ação, ou seja, tirá-la do papel.
O coordenador em sua atuação na escola é de agente transformador e agente formador, ou seja, sua atuação vai além do convívio e relacionamento com os professores, significa ser formador, ouvinte de opiniões, planejando e pondo em execução o dever da escola que é exercer um papel social.
Dessa forma, o planejamento deve ser feito em coletivo, levando em consideração a realidade cultural na qual a escola está inserida, pois só assim alcançará os objetivos propostos.
REFERÊNCIAS
GOUVEIA, Bárbara. O papel da supervisão educacional/coordenação pedagógica. Disponível na internet, no endereço: papeldoprofessor.blogspot.com
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Editora Alternativa, Goiânia, 2000.
PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza. O coordenador pedagógico e o cotidiano da escola. 3ª edição. Edições Loyola, São Paulo, 2003.
SANTIAGO, Maria Eliete. Projeto pedagógico da escola: uma contribuição ao planejamento escolar. Disponível na internet, no endereço:www.ufpe.br/daepe/n1_6.htm
SANTOS, Francinete Braga. Palestra “O papel do supervisora escolar”. Disponível na internet, no endereço: http://www.novoacesso.com.br
VASCONCELOS, Celso dos Santos. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. 5ª edição. Libertad Editora, São Paulo, 2004.

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