terça-feira, 23 de outubro de 2018

O QUE É AFINAL APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA?



 (After all, what is meaningful learning?) Marco Antonio Moreira Instituto de Física – UFRGS Caixa Postal 15051 – Campus 91501-970 Porto Alegre – RS wwww.if.ufrgs.br./~moreira

Resumo

 É feita uma descrição detalhada da teoria da aprendizagem significativa na visão clássica de David Ausubel, segundo a leitura, ou releitura, do autor. A teoria não é apresentada como nova, mas sim como atual. Argumenta-se que houve uma apropriação superficial, polissêmica, do conceito de aprendizagem significativa, de modo que qualquer estratégia de ensino passou a ter a aprendizagem significativa como objetivo. No entanto, na prática a maioria dessas estratégias, ou a escola de um modo geral, continuam promovendo muito mais a aprendizagem mecânica, puramente memorística, do que a significativa. Por isso, o texto procura esclarecer o que é, afinal, aprendizagem significativa. Isso é feito abordando recursivamente esse conceito ao longo do texto de modo a promover a diferenciação progressiva do mesmo. 

leia na íntegra: http://moreira.if.ufrgs.br/oqueeafinal.pdf

David Ausubel e a aprendizagem significativa

Para o especialista em Psicologia Educacional, o conhecimento prévio do aluno é a chave para a aprendizagem significativa

POR:
Elisângela Fernandes
DAVID AUSUBEL Filho de imigrantes judeus, o pesquisador sofreu durante anos na escola por não ter sua história pessoal considerada pelos educadores. (Crédito: Universidade de Columbia)


O pesquisador norte-americano David Paul Ausubel (1918-2008) dizia que, quanto mais sabemos, mais aprendemos. Famoso por ter proposto o conceito de aprendizagem significativa - que encerra a série Teoria Passada a Limpo -, ele é contundente na abertura do livro Psicologia Educacional: "O fator isolado mais importante que influencia o aprendizado é aquilo que o aprendiz já conhece".
Quando sua teoria foi apresentada, em 1963, as ideias behavioristas predominavam. Acreditava-se na influência do meio sobre o sujeito. O que os estudantes sabiam não era considerado e entendia-se que só aprenderiam se fossem ensinados por alguém.

A concepção de ensino e aprendizagem de Ausubel segue na linha oposta à dos behavioristas. Para ele, aprender significativamente é ampliar e reconfigurar ideias já existentes na estrutura mental e com isso ser capaz de relacionar e acessar novos conteúdos. "Quanto maior o número de links feitos, mais consolidado estará o conhecimento", diz Evelyse dos Santos Lemos, pesquisadora do ensino de Ciências e Biologia da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. 
Nascido em Nova York, nos Estados Unidos, Ausubel era filho de imigrantes judeus. "Seu interesse pela forma como ocorre a aprendizagem é resultado do sofrimento que ele passou nas escolas norte-americanas", comenta Rosália Maria Ribeiro de Aragão, professora aposentada da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Por isso, apesar de sua formação em Medicina Psiquiátrica, ele dedicou parte de sua vida acadêmica à Psicologia Educacional.

Na avaliação de Marco Antonio Moreira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), os conceitos do norte-americano são compatíveis com outras teorias do século 20, como a do desenvolvimento cognitivo, de Jean Piaget (1896-1980), e a sociointeracionista, de Lev Vygotsky (1896-1934).

Ensino que faz sentido

Pensada para o contexto escolar, a teoria de Ausubel leva em conta a história do sujeito e ressalta o papel dos docentes na proposição de situações que favoreçam a aprendizagem. De acordo com ele, há duas condições para que a aprendizagem significativa ocorra: o conteúdo a ser ensinado deve ser potencialmente revelador e o estudante precisa estar disposto a relacionar o material de maneira consistente e não arbitrária (leia o trecho de livro no quadro à direita). "Essas condições são ignoradas na escola", lamenta Moreira, que, assim como Rosália, conheceu Ausubel durante sua passagem pelo Brasil em 1975, em eventos promovidos pelo professor Joel Martins (1920-1993), da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
"Ensinar sem levar em conta o que a criança já sabe, segundo Ausubel, é um esforço vão, pois o novo conhecimento não tem onde se ancorar", afirma Rosália. Mas há outro requisito, que se refere ao desafio diário de tornar a escola um ambiente motivador. Pode-se preparar a melhor atividade, mas é o aluno que determina se houve ou não a compreensão do tema. "De nada adianta desenvolver uma aula divertida se ela for encaminhada de forma automática, sem possibilitar a reflexão e a negociação de significados", comenta a pesquisadora Evelyse.
Há quem credite o fracasso escolar apenas à falta de disposição do aluno em aprender, esquecendo que o professor é o profissional qualificado para criar os momentos com potencial de possibilitar a construção do conhecimento. O fracasso escolar tem causas variadas, por essa razão o contexto deve também ser considerado. No livro O Diálogo Entre o Ensino e a Aprendizagem, Telma Weisz explica que uma boa situação de aprendizagem é aquela em que as crianças pensam sobre o conteúdo estudado. Elas têm problemas a resolver e decisões a tomar em função do que se propõe. Segundo Telma, o docente precisa garantir a máxima circulação de informação possível. Além disso, o assunto trabalhado deve manter suas características socioculturais reais, sem se transformar em um objeto escolar vazio de significado social.

A memorização também é útil

Ao analisar as interações entre professor, aluno e conhecimento, Ausubel ainda definiu a aprendizagem mecânica. Nela, os conteúdos ficam soltos ou ligados à estrutura mental de forma fraca. São memorizadas frases como as ditas em sala de aula ou lidas no livro didático. "A escola deve almejar a aprendizagem significativa, mas isso não pressupõe que a mecânica tenha de ser desconsiderada", pondera Evelyse.
De acordo com o pesquisador norte-americano, essas duas formas de conhecer não são antagônicas. Ambas fazem parte de um processo contínuo. Há ocasiões em que é preciso memorizar algumas informações que são armazenadas de forma aleatória, sem se relacionar com outras ideias existentes. No entanto, o processo de aprendizagem não pode parar aí. Outras situações de ensino, assim como a interação com as demais crianças, devem contribuir para que novas relações aconteçam, para que cada um avance e construa seu conhecimento.
Rosália explica que a aprendizagem significativa é duradoura, enquanto a mecânica é efêmera, com o passar do tempo há uma maior probabilidade de esquecer o que foi memorizado porque as informações ficam soltas, servindo apenas para situações já conhecidas. Na primeira, também pode ocorrer o esquecimento, mas de uma forma distinta, pois permanece um conhecimento residual cujo resgate é possível e relativamente rápido.
Além do mais, nem sempre basta ter a informação. "Aprender leva tempo e as horas passadas na escola podem não ser suficientes para mudar as ideias que o seu cotidiano e a sua história reforçam", comenta a pesquisadora da Fiocruz.
"Nós ainda temos uma escola que treina o aluno para memorizar, e não para pensar", critica Evelyse. Ela enfatiza ainda que o papel do estudante não é o de mero anotador e nem mesmo se resume a passar de ano. "Sua função é interpretar a informação e avaliar se concorda com o professor. É uma cultura difícil de construir, mas necessária", pondera. 
A forma de avaliação também precisa mudar. Quando a aprendizagem é significativa, a turma consegue colocar em jogo seus conhecimentos. Então é possível abordar o mesmo tema em situações diferentes.
Outro equívoco é considerar a aprendizagem significativa como um produto acabado (leia a questão de concurso no quadro acima). "Estudar o que é célula no Ensino Fundamental é uma coisa, na pós-graduação é outra. O conhecimento evolui", diz Evelyse.

Trecho de livro

"A essência do processo de aprendizagem significativa é que as ideias expressas simbolicamente são relacionadas às informações previamente adquiridas pelo aluno através de uma relação não arbitrária e substantiva (não literal)." David Ausubel, Joseph D. Novak e Helen Hanesian no livro Psicologia Educacional 
Comentário 
A aprendizagem significativa somente é possível quando um novo conhecimento se relaciona de forma substantiva e não arbitrária a outro já existente. Para que essa relação ocorra, é preciso que exista uma predisposição para aprender. Ao mesmo tempo, é necessária uma situação de ensino potencialmente significativa, planejada pelo professor, que leve em conta o contexto no qual o estudante está inserido e o uso social do objeto a ser estudado. 
Consultoria Evelyse dos Santos Lemos

Questão de concurso

Prefeitura de Teresópolis, RJ, 2005. Concurso para professor de Ciências 
Para que uma aprendizagem significativa possa acontecer, é necessário investir em ações que potencializem a disponibilidade do aluno para a aprendizagem, o que se traduz, por exemplo, no empenho em estabelecer relações entre seus conhecimentos prévios sobre um assunto e o que está aprendendo sobre ele. 
(Parâmetros Curriculares Nacionais, 1998) 

A afirmação acima destacada, partindo de uma perspectiva construtivista, convida o professor a refletir que, ao iniciar uma nova situação de ensino e aprendizagem, devemos considerar que: 
a) Em geral, os conceitos prévios dos alunos são esquemas mentais alternativos, imperfeitos, incompletos e, por isso, devem, desde o primeiro momento, ser afastados do contexto da sala de aula e do ensino. 
b) Antes de qualquer nova situação de ensino, deve ser feita uma investigação extensa de todos os conhecimentos prévios que possam influenciar o objeto de estudo, devendo ser discutidos apenas no início de uma situação de ensino. 
c) O conhecimento prévio dos alunos constitui um amplo esquema de ressignificação, devendo ser mobilizado durante todo o processo de ensino e aprendizagem, pois com base neles o indivíduo interpreta o mundo. 
d) A natureza da estratégia didática não influencia a disponibilização dos conhecimentos prévios dos estudantes. 
e) Todo conhecimento prévio surge do contexto social do estudante e, portanto, deve ser substituído por meio da transmissão clara e objetiva de novos materiais adequados de ensino. 
Resposta correta: C 

Comentário 
Os conhecimentos prévios dos alunos sempre devem ser levados em consideração. Incorretas ou incompletas, as ideias prévias trazem informações sobre a forma como eles pensam. Somente ao analisá-las o docente consegue propor as situações de ensino mais adequadas para que eles atribuam significados à nova informação e, se for o caso, coloquem em xeque seus conhecimentos.
 
Consultoria Evelyse dos Santos Lemos

Resumo do conceito

Aprendizagem significativa Elaborador: David Ausubel (1918-2008) 
O processo ideal ocorre quando uma nova ideia se relaciona aos conhecimentos prévios do indivíduo. Motivado por uma situação que faça sentido, proposta pelo professor, o aluno amplia, avalia, atualiza e reconfigura a informação anterior, transformando-a em nova.
  

Quer saber mais?

Artigo Aprendizagem significativa: um conceito subjacente, de Marco Antonio Moreira
Tese Teoria da aprendizagem significativa de David P. Ausubel: sistematização dos aspectos teóricos fundamentais, de Rosália Maria Ribeiro de Aragão.

Bibliografia 
Aprendizagem Significativa: A Teoria de David Ausubel, Marco Antonio Moreira e Elcie F. Salzano Masini. Ed. Centauro 

Psicologia Educacional, de David P. Ausubel, Joseph Novak e Helen Hanesian, 625 págs., Ed. Interamericana, (edição esgotada) 
 

Bandura e a Aprendizagem Social - Psicologia da educação


O meio social em que vivemos faz parte de nossa vida e contribuiu de maneira significativa para o desenvolvimento humano. A família, a escola, a comunidade são grupos sociais aos quais somos inseridos em determinadas fases do desenvolvimento e que contribuem para o desenvolvimento da aprendizagem. De modo a compreender a importância do meio social para a aprendizagem falaremos agora da teoria da aprendizagem social de Albert Bandura. 

Albert Bandura é um psicólogo cognitivo, de origem canadense, da Universidade de Stanford, que criou a Teoria Social Cognitiva que inicialmente era conhecida como Teoria da Aprendizagem Social. 

Bandura (2008, p. 15) afirma que: 

A teoria social cognitiva adota a perspectiva da agência para o autodesenvolvimento, adaptação e mudança. Ser agente significa influenciar o próprio funcionamento e as circunstâncias de vida de modo intencional. Segundo essa visão, as pessoas são auto organizadas, proativas, autorreguladas e auto reflexivas, apenas produtos dessas condições. 

Este teórico centralizou suas pesquisas no estudo do comportamento humano, quando este está inserido no contexto social, valorizando os processos cognitivos do indivíduo. Para Bandura o homem não é totalmente influenciado pelo meio, pois suas reações e estímulos são auto ativadas, na teoria social cognitiva o homem não é visto como um ser passivo dominado pelas ações ambientais, mas sim como um ser influente em todos os processos. O comportamento não precisa ser reforçado para ser aprendido ou adquirido, o homem aprende e adquire experiências observando as consequências dentro do seu ambiente, assim como as vivências das pessoas aos quais convive. 

De acordo com La Rosa (2003) a teoria de Bandura procura proporcinar uma caracterização dos fatores externos e internos que atuam nos processos humanos de aprendizagem, com um caráter descritivo ao qual se apresenta em esquema de síntese, que descreve os determinantes do comportamento. A teoria tem como objetivo apresentar um quadro que faça justiça a todos os fatores que influenciam em determinado comportamento e, não prioritariamente explicar os processos implicados. 

As principais pesquisas feitas por Bandura sobre a aprendizagem por observação se referiam mais precisamente, ao comportamento agressivo. Eles demonstraram a importância dos modelos reais e simbólicos na evocação de pautas imitativas de agressão, assim como o fato de que crianças que são expostas a situações agressivas não só exibem respostas imitativas agressivas, ou seja, de determinado comportamento observado, em comparação com crianças expostas a modelos não-agressivos, como também apresentam um maior número de respostas agressivas não observadas no modelo (BANDURA 1962 apud LA ROSA 2003 p. 74). 

Segundo La Rosa (2003) a teoria de Bandura enfatiza a importância dos processos vicários, simbólicos e auto regulatórios. Os fenômenos de aprendizagem resultantes de experiências diretas podem ocorrer também, numa base vicariante, ou seja, através da observação dos comportamentos e experiências de outras pessoas e suas consequências. Por exemplo: uma criança aprende a falar observando as pessoas do seu meio, outra aprende a nadar registrando os movimentos do professor de natação, e um terceiro inicia na arte do balé imitando os gestos e passos do professor. Mas se as consequências comportamentais para o modelo forem desastrosas, é provável que o observador não se baseie nestas observações e modelos. 

A teoria de Bandura reconhece a importância do pensamento no controle de nossos comportamentos. O pensamento por sua vez é concebido como um instrumento adaptativo que aumenta nossa capacidade de enfrentar o ambiente de maneira eficaz, pois permite a representação e manipulação simbólica dos acontecimentos e suas inter-relações, representações estas decorrentes também da abstração de propriedades comuns nos objetos e fatos o que possibilita a economia da organização da ação adaptativa, ao mesmo tempo em que propicia a generalização desta ação em outros contextos (LA ROSA, 2003). 

Fazendo um resumo da teoria social congtiva e sua relação com a educação, pode-se dizer que os educadores são um importante agente social na construção do sujeito e na construção da aprendizagem, visto que servem de modelo para os alunos que através da cognição são capazes de incorporar e imitar comportamentos que consideram como experiências positivas.


Novo Piso Salarial 2024

  A luta está em torná-lo  real no holerite dos profissionais