quinta-feira, 12 de abril de 2012

Educando com amor e limites

Amor

19.05.2010 - 
Como entender as necessidades e os impulsos dos filhos
Carolina Beu
Como educar os filhos com amor e, ao mesmo tempo, impor limites? Essa tem sido uma dúvida recorrente na vida de muitos pais que, preocupados com a correria do dia-a-dia, encontram dificuldades na hora de atender as necessidades dos filhos. Dessa forma, o grande desafio consiste em oferecer o suporte e o afeto necessários para que seus pequenos amadureçam sem mimos, aprendam a lidar com a frustração e se tornem independentes.
Mas, a atitude necessária para que isso ocorra não é nada óbvia. Em É claro que eu amo você..., agora vá para o seu quarto!, a autora e psicóloga australiana Diane Levy descreve as principais personalidades e temperamentos que podem ser identificados nos filhos e a melhor maneira de lidar com cada uma deles. Em entrevista exclusiva, Diane dá sugestões de como os pais devem se posicionar diante do processo educativo.
Site Abilio Diniz - Atualmente, qual a maior dificuldade enfrentada pelos pais na hora de educar os filhos?
Diane Levy
 - As nossas crianças precisam ser (com idade apropriada) resilientes. Precisam saber lidar com seus sentimentos em novas situações e aceitar uma mudança de planos. Precisam saber lidar com novas pessoas cuidando delas, e precisam saber brincar com várias crianças. Acima de tudo, precisam aprender a tolerar as frustrações comuns ao lidar com outras crianças da sua idade. Eles desenvolvem resistência ao vivenciarem situações um pouco desconfortáveis, mas com as quais conseguem lidar graças ao apoio de adultos responsáveis por eles. Os filhos precisam também aprender a obedecer aos pedidos simples sem criar confusão. Crianças obedientes (que têm seus sentimentos e temperamentos respeitados) são capazes de usar o cérebro para aprender, em vez de ocupar seu tempo resistindo e pensando em atividades alternativas.
SAD - Alguns terapeutas afirmam que, por puro receio de fazer com que os filhos sofram, muitos pais atendem de maneira imediata aos seus desejos, o que pode tornar a criança mimada. Tendo isso em vista, qual a importância de estabelecer limites?DL - É essencial responder às necessidades dos nossos filhos, mas só devemos responder aos “desejos” se tivermos tempo, dinheiro, disposição e se for por prazer, e não por obrigação ou coação. Tolerar as frustrações normais para a idade é uma das habilidades mais úteis que nós podemos passar para os filhos. Tudo indica que o “QE” (Quociente Emocional) é melhor do que o QI (Quociente de Inteligência) para prever o sucesso e a felicidade na vida. Quando nós insistimos em limites sensatos para os nossos filhos, apesar deles resistirem e protestarem, nós lhes damos o dom de lidar com a frustração comum de ter uma opinião diferente dos pais sobre obediência.
SAD – Como o conhecimento da teoria da personalidade pode contribuir para a educação dos filhos?DL - Se nós conseguirmos entender as necessidades e os impulsos dos nossos filhos, poderemos ajudá-los a se relacionarem melhor com seus pares e professores. E o mais importante: podemos organizar seus horários de forma a se adequarem às suas necessidades. Por exemplo, algumas crianças terminam um dia de aula e ainda querem brincar com os amigos antes de fazer a lição de casa. Outras ficam completamente esgotadas durante o dia na escola e precisam de espaço e silêncio para se recuperar para fazer a lição ou até brincar com um irmão.
SAD - Quais tipos de temperamentos podem ser identificados e qual a melhor maneira de lidar com eles?
DL -
 O temperamento sanguíneo é apresentado por aqueles que precisam se divertir. São crianças muito sedutoras e têm muita necessidade de atenção e aceitação; o colérico se manifesta na necessidade de controle. Eles respondem muito bem à satisfação e admiração de tarefas bem feitas e reagem melhor quando têm a oportunidade de fazer escolhas adequadas; já o temperamento melancólico se manifesta no perfeccionismo. Eles precisam de muito espaço, muito silêncio e respeito, pois são extremamente sensíveis. Reagem melhor quando têm uma estrutura previsível e respeito, para poderem saber o que acontecerá em seguida; por último, temos o temperamento fleumático que é apresentado por aqueles que precisam de paz. Eles consideram muito difícil lidar com os confrontos (diretos e indiretos). Por serem pessoas fáceis, é fácil esquecer o quanto eles precisam que nós demonstremos que valorizamos suas opiniões, quem eles são e o que fazem.
SAD – Afinal, educar é um ato de amor? Qual é a medida ideal entre “limite” e “afeto”?DL - Eu prefiro usar o termo “suporte” no lugar de afeto. Quando nossas crianças estão aflitas, tristes ou nervosas (com os outros), precisam ser ouvidas e apoiadas. Quando estão tomadas pela emoção, não adianta muito tentar usar a razão ou a força. Nossa primeira tarefa é apoiá-las para que os sentimentos se organizem, antes que sejam capazes de ouvir qualquer sugestão. Com as experiências anteriores de terem sido apoiadas, elas ficarão numa posição muito melhor de aceitar limites sensatos, para cooperar com as necessidades de toda a família ou turma da escola e participar, de bom grado, das atividades familiares ou escolares.


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