domingo, 22 de abril de 2012

Olhem bem professoras!

Dez grandes autores para crianças


por: Equipe do Educar para Crescer
De Saramago a Clarice Lispector, conheça os livros infantis escritos por grandes escritores
Reportagem de Adriana Nogueira

Que tal dar uma forcinha extra para seu filho tomar gosto pela leitura apresentando-o a textos de autores consagrados? Há bons exemplos de escritores que, depois de se consolidarem na literatura adulta, enveredaram pela infantil. Caso da mineira Adélia Prado, que, em 2006, fez sua estreia com o livro para crianças Quando Eu Era Pequena e lança, em setembro, seu segundo título infantil, Carmela Vai à Escola.
O peruano Mario Vargas Llosa, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2010, é outro que, após uma carreira premiada, resolveu se aventurar a escrever para crianças, tarefa que ele classificou em entrevistas de “mais difícil” do que escrever para adultos. No início deste ano, chegou às livrarias Fonchito e a Lua, seu primeiro título para o público infantil. E esse não é uma fenômeno recente. As prateleiras das livrarias estão recheadas de livros feitos para os pequenos por nomes estrelados da literatura brasileira e estrangeira.
“Há ainda casos de escritores que, apesar de nunca terem produzido para as crianças, tiveram trechos de suas obras “reendereçadas” para os pequenos, em edições com ilustrações caprichadas  para prender a atenção dos pequenos leitores”, diz João Luís Ceccantini, professor de literatura brasileira da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Assis, no interior de São Paulo.
Caso de Dez Bons Conselhos de Meu Pai, de João Ubaldo Ribeiro, outro título lançado no primeiro semestre. A obra, na verdade, era o apêndice de um livro sobre política que o autor baiano escreveu há 30 anos.
Mesmo esses autores tendo valor literário indiscutível não vale impor esses livros como única possibilidade de leitura para as crianças. “O leitor se forma na diversidade”, alerta o o professor Ceccatini. Confira a seguir sugestões de livros de dez importantes escritores:
1. Adélia Prado

Quando Eu Era Pequena (Record)
A infância da menina Carmela em uma cidade pequena é o fio condutor da história. Já os pais terão a sensação de estar lendo as memórias da autora. 

Carmela Vai à Escola (Record)
Carmela está de volta, mas agora tendo como cenário a escola. Apaixonada por livros e muito estudiosa, é também muito faladeira e até troca de lugar com a melhor amiga.


2. Mario Vargas Llosa
Fonchito e a Lua (Objetiva)

O menino Fonchito é apaixonado pela colega Nereida. Um dia, enche-se de coragem e pede a ela um beijo no rosto. A menina o desafia a trazer a Lua em troca do gesto.


3. João Ubaldo Ribeiro
Dez Bons Conselhos de Meu Pai (Objetiva)
“Não seja amargo”, “Não seja burro” e “Nunca seja medroso” são alguns dos conselhos que o autor recebeu de seu pai e coloca nessa obra.



4. Clarice Lispector
O Mistério do Coelho Pensante (Rocco)

Joãozinho é um coelho de pêlo branquinho que, quando a fome aperta, dá um jeito de abrir sua gaiola e sair em busca de comida. Nessas saídas, pega gosto pela liberdade.


5. Érico Veríssimo
As Aventuras do Avião Vermelho (Companhia das Letras) 
Preocupado com a desobediência do filho, Fernando, seu pai lhe dá de presente um livro. O menino se encanta com a história do Capitão Tormenta que viaja o mundo em um avião vermelho. Quando Fernando ganha um aviãozinho, está armado o cenário para muitas aventuras.


6. Pablo Neruda
Livro das Perguntas (Cosac Naif) 
“Por que o tubarão não ataca as impávidas sereias?” e “A fumaça fala com as nuvens?” são duas das 74 perguntas fora do comum do livro do poeta chileno, que faz o leitor criança ou adulto refletir.

7. Manoel de Barros
Poeminha em Língua de Brincar (Record)
Um dos livros da produção infantil do poeta mato-grossense, iniciada a partir de 2000. Na obra, palavras e ilustrações, feitas por Martha Barros, filho do escritor, criam um mundo cheio de simbologias.


8. Mário de Andrade
Será o Benedito? (Cosac Naif)
A construção de uma relação de amizade entre um homem vindo da cidade grande e um menino de 13 anos que vive na Fazenda Larga, no interior de São Paulo, é o tema desse livro.


9. José Saramago

O Silêncio da Água (Companhia das Letras)

À beira do rio Tejo, em Portugal, um menino vai pescar e fisga um enorme peixe, que arrebenta sua linha. Essa memória de infância do autor português é o ponto de partida da história.

10.  Jorge Amado
O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá (Cia. Das Letrinhas)

Fábula sobre o amor impossível entre um gato mau humorado e uma bela andorinha. O autor escreveu a história por causa do aniversário de um ano de um dos filhos e não tinha intenção de publicá-la.

sábado, 21 de abril de 2012

Quem tem medo do ridículo?














Rubem Alves

Ariano Suassuna:


 "Todo professor deve ter um pouco de ator"

O escritor e secretário de Cultura de Pernambuco conta como aprendeu a ler e se apaixonou por literatura e diz por que nunca deixou os alunos entediados em 32 anos de magistério

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Ariano Suassuna. Foto: Eduardo Queiroga
Ariano Suassuna
Ao completar 80 anos no dia 16 de junho, o romancista, dramaturgo e poeta Ariano Suassuna - está cheio de planos. Em janeiro, ele assumiu a Secretaria da Cultura de Pernambuco - seu terceiro cargo público -, prometendo continuar na defesa da cultura popular brasileira, que apóia como poucos.

Dessa vez, Ariano se empenha para colocar em prática o projeto batizado de A Onça Malhada, a Favela e o Arraial. Trata-se de uma iniciativa que vai levar para os quatro cantos do estado (das periferias das cidades aos rincões do sertão) suas célebres aulas-espetáculo, palestras que há anos fascinam os brasileiros. Se o escritor já lota os auditórios por onde passa, agora ele pretende convidar o povo simples, "do Brasil real", para o escutar embaixo de uma lona de circo, acompanhado de bailarinos e músicos. "Sou um pouco ator, como todo professor deve ser", justifica o "pai" de Chicó e João Grilo, personagens de sua mais célebre obra, o Auto da Compadecida.

Formado em direito e filosofia, ele lecionou durante 32 anos na Universidade Federal de Pernambuco. Em 1999, assumiu a cadeira de número 32 da Academia Brasileira de Letras e, em 2002, foi homenageado pela escola de samba carioca Império Serrano. "Não vi diferença entre as duas honrarias", afirma. Nesta entrevista, concedida à NOVA ESCOLA no seu casarão do século 19, localizado às margens do rio Capiberibe, no Recife, o criador de histórias como O Santo e A Porca, entre tantas outras que têm o Nordeste como inspiração, fala como se tornou um grande leitor e escritor, comenta a situação da Educação brasileira e diz quais são as estratégias que usa para dar boas aulas desde os 17 anos.

Com quantos anos o senhor aprendeu a ler?
Ariano Suassuna Antes de entrar para a escola, aos 7 anos, orientado pela minha mãe e por uma tia, lá no sertão de Taperoá, na Paraíba. Hoje isso é muito raro, pois as mulheres têm de trabalhar fora, não é?

O hábito da leitura vem dessa mesma época?
Suassuna Eu não tenho o hábito da leitura. Eu tenho a paixão da leitura. O livro sempre foi para mim uma fonte de encantamento. Eu leio com prazer, leio com alegria. O meu pai, que perdi aos 3 anos de idade, deixou de herança para nós uma biblioteca fabulosa para os padrões do sertão naquela época. Tinha de tudo. Ibsen, Dostoiévski, Cervantes, Machado de Assis, Euclides da Cunha. Meus tios também viviam comprando livros em Campina Grande para eu ler. Era Eça de Queiroz, Guerra Junqueira e um título do qual me lembro muito, Dodinho, de José Lins do Rego.

Como começou a escrever?
Suassuna Certo dia, eu tive uma prova de Geografia e não sabia nada. Então, resolvi dar as respostas por meio de versos. O professor quis saber quem era aquele aluno e, em vez de me dar uma bronca, me elogiou. Dias depois, ele deu um jeito de publicar no Jornal do Commercio, aqui, do Recife, um de meus poemas que havia mostrado a ele. Em 1947, eu e outro colega fundamos o Teatro do Estudante de Pernambuco, que encenava peças de nossa autoria. Nesse mesmo ano, escrevi Uma Mulher Vestida de Sol e não parei mais.

No que está trabalhando agora?Suassuna Estou concluindo o Romance d’A Pedra do Reino, lançado em 1971. Estou devendo isso aos meus leitores desde 1981.

O senhor usa o computador para escrever?
Suassuna Jamais! Escrevo tudo a mão. Minha letra é muito bonita. Acho que a única função do computador foi aposentar as máquinas de datilografia, que já usei um dia. O meu genro é quem lê os originais e depois passa para o computador.

A popularização de sua obra literária se deve muito à TV. Como ela pode se tornar um aliado do professor no fomento à paixão pela leitura?Suassuna A TV é um meio de comunicação no qual a oralidade predomina. Se o professor escolher boas adaptações, como a que Guel Arraes fez de O Coronel e o Lobisomem, do meu amigo José Cândido de Carvalho, exibir para os alunos e depois facilitar o acesso ao livro, eu duvido que eles não se interessem. Mas é preciso lembrar de fazer o aluno participar da aula, como se fosse um ator!

Essa era sua estratégia em sala de aula quando lecionava?Suassuna Eu sou professor desde os 17 anos. Sempre fui criativo. Uma das coisas de que fazia muita questão é que meus alunos não se entediassem. Acho que todo professor tem de ter alguma coisa de ator, senão ele não terá sucesso. Sendo somente um expositor de idéias, dificilmente ele chamará a atenção dos estudantes.

Como era seu método de avaliação?Suassuna Na universidade, minhas provas não eram difíceis e nunca reprovei por faltas. Eu não queria que os alunos fossem à aula por obrigação. Fazia questão de nunca fazer chamada e também passava trabalhos que estivessem de acordo com o nível de aprendizado deles.

Suas aulas-espetáculo, que já encantaram tantas pessoas Brasil afora, são planejadas?Suassuna Não. Eu tenho um certo dom de improviso e ele nunca me faltou. Uma vez, um colega me provocou por causa disso e eu recorri a uma estrofe de um cantador de repentes que eu conhecia para dar a resposta. Ela diz assim: "Para brigar de tiro e faca/ não sirvo/ não presto não./ Mas solto assim sobre um palco/com um microfone na mão./ Eu sou onça matadeira/ sou tigre bravo e leão". Ele ficou com tanto medo de mim que se encolheu todo.

Hoje muitos professores promovem rodas de conversa com as crianças. O que o senhor pensa dessa prática?Suassuna Acho ótimo! Não tem nada melhor do que desenvolver a oralidade desde cedo. Eu, muito antes de saber ler, já recitava de cor muitos versos de cordel e acompanhava as cantorias de viola em Taperoá, para onde volto sempre. No sertão, a gente fala muito e foi justamente desse falatório todo que tirei inspiração para os meus livros.

O senhor é um crítico ferrenho do chamado "lixo cultural" que os Estados Unidos tentam impor ao resto do mundo. Quando isso começou aqui no Brasil?Suassuna Na época da Segunda Guerra. Natal e Recife se tornaram bases aéreas e navais importantes para os Estados Unidos e se encheram de americanos. Dizem que lá em Natal um sertanejo analfabeto pegou um táxi e foi dar uma volta pela cidade. E aí ele viu uma placa com as expressões "Stop" e "Pare". Sem saber ler, perguntou ao motorista o que significava. Este, já tão colonizado pelos americanos, respondeu: "‘Stop’, que está em cima, significa pare. Embaixo está escrito ‘peire’, mas eu não sei o que significa, não". Quer dizer: o chofer nem sabia mais ler em português. (risos)

Qual sua prioridade na Secretaria de Cultura?Suassuna É o projeto A Onça Malhada, a Favela e o Arraial, que vai percorrer Pernambuco levando dança, teatro, música, canto e literatura ao público. As apresentações acontecerão em um circo itinerante. O nome do projeto, eu explico de trás para a frente. O arraial é uma homenagem a Canudos, o episódio mais significativo da história brasileira. Já a favela é por que lá moram os que também precisam de cultura, como eu e você. Quanto ao fato de a onça ser malhada, trata-se de um mea-culpa que fiz sobre o jeito como classificava o povo brasileiro.

Que jeito era esse?Suassuna Eu tinha aprendido com Euclides da Cunha que nós éramos pardos. Gilberto Freyre, por sua vez, dizia que éramos morenos. Até que no censo de 1980 voltou a pergunta sobre a cor das pessoas. Deu uma polêmica danada. Vieram me ouvir e eu dizia que todo brasileiro era mestiço, influenciado por Sylvio Romero. Quando a dúvida ficou insuportável, só uma frase do padre Vieira me salvou. Ele diz: "Quem quiser acertar em história, em política ou em sociologia deve consultar as entranhas dos sacrificados".

E o que o senhor fez?Suassuna Deixei de ouvir todos e até a mim mesmo e fui consultar o movimento negro do Recife. Me disseram que todos esses termos (pardos, morenos, mestiços) atrapalhavam a vida e eles só queriam ser vistos como negros, simplesmente. Por isso eu passei a não representar mais o povo brasileiro pela onça castanha, a mestiça, e sim pela malhada, aquela que tem as cores misturadas e, de certa forma, representa todas as nossas tonalidades de pele.

Então, ao escrever o Auto da Compadecida, em 1955, o senhor ainda não tinha consciência do problema racial brasileiro?Suassuna Isso mesmo. Tanto que na primeira versão o Cristo era branco. A mudança na cor da pele foi um momento de indignação meu motivado pelo comportamento dos americanos. Tinha visto na revista Life a foto e a notícia de um comício contra a inclusão das primeiras crianças negras nas escolas brancas dos Estados Unidos. Em primeiro plano na foto tinha uma mulher segurando um cartaz que dizia: "Deus foi o primeiro segregacionista ao criar raças diferentes". Atribuir a Deus uma coisa tão odiosa quanto o racismo me deu uma raiva tão grande que na mesma hora mudei o texto e transformei o Cristo num negro.

Qual a diferença entre ter virado imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1999, e ser homenageado pela escola de samba carioca Império Serrano três anos depois?Suassuna Absolutamente nenhuma. Cada uma teve seu lado negativo e positivo. Os rituais da academia são um pouco burocratizados, mas fiquei honrado de pertencer à mesma instituição do meu grande mestre, Euclides da Cunha. Já a escola de samba tem muita coisa massificada. No dia em que recebi o titulo de doutor honoris causa da Univesidade Federal do Rio de Janeiro, a Império Serrano levou para a cerimônia uma parte da bateria, o mestre-sala, a porta-bandeira e uma ala de meninas e outra de baianas velhas, negras e lindas. Esse povo começou a tocar e a dançar em minha homenagem e beijava o estandarte da escola com uma paixão tão grande que pensei: da mesma forma que fui para a posse da Academia eu tenho de ir ao desfile na Marquês de Sapucaí. E foi aquilo...

No seu discurso de posse na ABL, por sinal, o senhor desenganou os pretendentes à sua cadeira dizendo que decidira não morrer nunca. Ao completar 80 anos, essa promessa se mantém?Suassuna Sim. Você ainda vai me entrevistar quando eu tiver 160 anos. Isso se você tomar algumas providências.
Quer saber mais?
Bibliografia
Auto da Compadecida, Ariano Suassuna, Ed. Agir, tel. (21) 3816 9494, 186 págs., 29,90 reais
Romance d´A Pedra do Reino, Ariano Suassuna, Ed. José Olympio, tel. (21) 2585-2000, 756 págs., 69 reais
Uma Mulher Vestida de Sol, Ariano Suassuna, Ed. José Olympio, tel. (21) 2585-2000, 196 págs., 22 reais 

Um vídeo interessante

http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/qual-diferenca-ler-contar-historias-642352.shtml

Qual  a diferença entre ler  e contar Histórias?

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Educando com amor e limites

Amor

19.05.2010 - 
Como entender as necessidades e os impulsos dos filhos
Carolina Beu
Como educar os filhos com amor e, ao mesmo tempo, impor limites? Essa tem sido uma dúvida recorrente na vida de muitos pais que, preocupados com a correria do dia-a-dia, encontram dificuldades na hora de atender as necessidades dos filhos. Dessa forma, o grande desafio consiste em oferecer o suporte e o afeto necessários para que seus pequenos amadureçam sem mimos, aprendam a lidar com a frustração e se tornem independentes.
Mas, a atitude necessária para que isso ocorra não é nada óbvia. Em É claro que eu amo você..., agora vá para o seu quarto!, a autora e psicóloga australiana Diane Levy descreve as principais personalidades e temperamentos que podem ser identificados nos filhos e a melhor maneira de lidar com cada uma deles. Em entrevista exclusiva, Diane dá sugestões de como os pais devem se posicionar diante do processo educativo.
Site Abilio Diniz - Atualmente, qual a maior dificuldade enfrentada pelos pais na hora de educar os filhos?
Diane Levy
 - As nossas crianças precisam ser (com idade apropriada) resilientes. Precisam saber lidar com seus sentimentos em novas situações e aceitar uma mudança de planos. Precisam saber lidar com novas pessoas cuidando delas, e precisam saber brincar com várias crianças. Acima de tudo, precisam aprender a tolerar as frustrações comuns ao lidar com outras crianças da sua idade. Eles desenvolvem resistência ao vivenciarem situações um pouco desconfortáveis, mas com as quais conseguem lidar graças ao apoio de adultos responsáveis por eles. Os filhos precisam também aprender a obedecer aos pedidos simples sem criar confusão. Crianças obedientes (que têm seus sentimentos e temperamentos respeitados) são capazes de usar o cérebro para aprender, em vez de ocupar seu tempo resistindo e pensando em atividades alternativas.
SAD - Alguns terapeutas afirmam que, por puro receio de fazer com que os filhos sofram, muitos pais atendem de maneira imediata aos seus desejos, o que pode tornar a criança mimada. Tendo isso em vista, qual a importância de estabelecer limites?DL - É essencial responder às necessidades dos nossos filhos, mas só devemos responder aos “desejos” se tivermos tempo, dinheiro, disposição e se for por prazer, e não por obrigação ou coação. Tolerar as frustrações normais para a idade é uma das habilidades mais úteis que nós podemos passar para os filhos. Tudo indica que o “QE” (Quociente Emocional) é melhor do que o QI (Quociente de Inteligência) para prever o sucesso e a felicidade na vida. Quando nós insistimos em limites sensatos para os nossos filhos, apesar deles resistirem e protestarem, nós lhes damos o dom de lidar com a frustração comum de ter uma opinião diferente dos pais sobre obediência.
SAD – Como o conhecimento da teoria da personalidade pode contribuir para a educação dos filhos?DL - Se nós conseguirmos entender as necessidades e os impulsos dos nossos filhos, poderemos ajudá-los a se relacionarem melhor com seus pares e professores. E o mais importante: podemos organizar seus horários de forma a se adequarem às suas necessidades. Por exemplo, algumas crianças terminam um dia de aula e ainda querem brincar com os amigos antes de fazer a lição de casa. Outras ficam completamente esgotadas durante o dia na escola e precisam de espaço e silêncio para se recuperar para fazer a lição ou até brincar com um irmão.
SAD - Quais tipos de temperamentos podem ser identificados e qual a melhor maneira de lidar com eles?
DL -
 O temperamento sanguíneo é apresentado por aqueles que precisam se divertir. São crianças muito sedutoras e têm muita necessidade de atenção e aceitação; o colérico se manifesta na necessidade de controle. Eles respondem muito bem à satisfação e admiração de tarefas bem feitas e reagem melhor quando têm a oportunidade de fazer escolhas adequadas; já o temperamento melancólico se manifesta no perfeccionismo. Eles precisam de muito espaço, muito silêncio e respeito, pois são extremamente sensíveis. Reagem melhor quando têm uma estrutura previsível e respeito, para poderem saber o que acontecerá em seguida; por último, temos o temperamento fleumático que é apresentado por aqueles que precisam de paz. Eles consideram muito difícil lidar com os confrontos (diretos e indiretos). Por serem pessoas fáceis, é fácil esquecer o quanto eles precisam que nós demonstremos que valorizamos suas opiniões, quem eles são e o que fazem.
SAD – Afinal, educar é um ato de amor? Qual é a medida ideal entre “limite” e “afeto”?DL - Eu prefiro usar o termo “suporte” no lugar de afeto. Quando nossas crianças estão aflitas, tristes ou nervosas (com os outros), precisam ser ouvidas e apoiadas. Quando estão tomadas pela emoção, não adianta muito tentar usar a razão ou a força. Nossa primeira tarefa é apoiá-las para que os sentimentos se organizem, antes que sejam capazes de ouvir qualquer sugestão. Com as experiências anteriores de terem sido apoiadas, elas ficarão numa posição muito melhor de aceitar limites sensatos, para cooperar com as necessidades de toda a família ou turma da escola e participar, de bom grado, das atividades familiares ou escolares.


Inclusão desafia a educação especial


Atenção, abrir em uma nova janela. PDFImprimirE-mail
Leia artigo escrito por Lucio Carvalho, colaborador da Inclusive - Agência para Promoção da Inclusão. O texto trata do parecer nº 13 do Conselho Nacional de Educação.


A perspectiva da regulamentação do Decreto 6.571, de 17 de setembro de 2008, que orienta a distribuição dos recursos do FUNDEB e organiza o Atendimento Educacional Especializado (AEE) nas escolas regulares, expõe mais uma vez fraturas que não são recentes e que estão no cerne do presente e do futuro da educação especial no Brasil. Isso acontece porque a proposta que o Conselho Nacional de Educação (CNE) levou à homologação do Ministro da Educação refuta a manutenção das escolas especiais como espaços exclusivos de atendimento educacional às pessoas com deficiência e sedimenta ainda mais a proposição de que a escola regular normal seja a escola de todos. 

Essa é a vontade do Ministério da Educação, que vem implementando sistematicamente programas no sentido da confirmação da Política de Educação Especial na perspectiva inclusiva, e representa um acordo afirmativo com o avanço legal sobre o tema, que teve seu ponto máximo em julho de 2008, quando o Congresso Nacional, por unanimidade nas duas casas legislativas, ratificou com status de emenda constitucional a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que é o primeiro grande tratado de direitos humanos do milênio no âmbito das Nações Unidas. 

Antes disso, entretanto, muitas iniciativas no sentido de bloquear as intenções de levar adiante a educação especial na perspectiva inclusiva aconteceram e, agora, mais uma vez, realiza-se um movimento nessa direção, visando à alteração da regulamentação antes de sua homologação final e mantendo as escolas especiais como espaço exclusivo de atendimento às pessoas com deficiência, desatendendo a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que recomendam a matrícula preferencialmente na rede regular, e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que dispõe que "As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral sob alegação de deficiência e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino primário gratuito e compulsório ou do ensino secundário, sob alegação de deficiência; (...)". 

No ano de 2007, o governo tentou avançar nesse sentido e, em menos de um mês, a intensa pressão do movimento em prol da manutenção das escolas especiais enquanto espaços exclusivos acabou impondo a regulamentação da questão através do Decreto 6.278/2007, modificando o entendimento prévio de que a oferta de educação especial teria um caráter complementar, e não substitutivo. Na época, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação1 manifestou-se favoravelmente à perspectiva inclusiva proposta pela Secretaria de Educação Especial do MEC, mas o movimento oposto, liderado principalmente pelas APAEs, fez valer sua pressão e obteve que suas escolas continuassem sendo consideradas regulares e aptas a receber integralmente os recursos do FUNDEB. Atualmente, é possível assistir a uma reedição dessa disputa que coloca em cheque o futuro de um universo de alunos matriculados nas escolas regulares que triplicou em relação a 2001, quando a escola especial tinha cerca de 80% dos alunos. 

Segundo os dados do Censo Escolar da Educação Básica de 20082, o percentual de alunos com deficiência matriculados no ensino regular atingiu o patamar de 54%, enquanto 46% permanecem nas escolas especiais. O objeto de disputa, entretanto, revela outras situações, como uma forte reação à adesão ao modelo complementar de educação preconizado pela implementação do AEE, no qual as instituições filantrópicas sem fins lucrativos continuariam a prestar serviços especializados em parceria com a esfera pública. Também as instituições privadas seriam levadas a ampliar a matrícula dos alunos com necessidades educacionais especiais e o grande número de situações em que a recusa de matrícula ainda é uma realidade deverão ser redimensionados, principalmente em razão da crescente adesão jurídico-normativa aos princípios da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

Paralelo a essa disputa e sua repercussão política (um dos espaços de incidência do movimento desfavorável à homologação do Parecer e instituição do AEE enquanto princípio orientador da Política de Educação Especial na perspectiva inclusiva é a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, apesar da prerrogativa de aconselhamento ao Ministério da Educação pertencer a CNE, proponente da Resolução), o avanço da educação na perspectiva inclusiva é cada vez maior e tem dado visibilidade a inúmeras experiências onde a parceria das entidades filantrópicas com o poder público tem funcionado no sentido complementar e ampliando o universo de formação oferecido às pessoas com deficiência e sua inclusão social. Da mesma forma, é no sentido da educação inclusiva que a sociedade e os espaços públicos de discussão da educação têm projetado esse debate (na Conferência Nacional de Educação Básica de 20083 reafirmou-se o caráter complementar e transversal da educação especial). 

Também os casos de pessoas com deficiência intelectual, autismo, múltiplas deficiências e outras que avançaram sobre barreiras sociais atitudinais seculares, como a segregação e a discriminação públicas, fornecem indícios de que, mais que uma política de governo, a educação pode sustentar e promover o desenvolvimento humano onde é desacreditado, socializando os saberes e práticas pedagógicas que irão levar a educação a configurar-se como um patrimônio comum, onde as distinções farão sentido apenas no tocante à sua valorização enquanto fenômeno visível da multiplicidade humana. Que os governos, educadores, famílias, pessoas e a sociedade de um modo geral percebam que a educação é, além de uma questão de destinação de recursos e investimentos, uma questão de olhar e do pertencer social dos sujeitos.


1 http://www.campanhaeducacao.org.br/b127_Decreto_Fundeb.htm
2 http://www.inep.gov.br/censo/escolar/DOU_final_2008.htm
3 http://www.seduc.pa.gov.br/portal/index.php?action=LinkTarefaNoticia.dl&idlink=375

Ensino-aprendizagem


Professora desenvolve método para dar aulas mais atrativas
Quinta-feira, 12 de abril de 2012 - 18:19


Para motivar seus alunos de geografia, a professora Valéria Rodrigues Pereira prepara as aulas de forma a envolvê-los na aprendizagem. Ela organiza os procedimentos, seleciona o material e prepara atividades individuais e coletivas. “A motivação com as aulas passa por esse processo”, diz Valéria, que leciona na Escola de Ensino Fundamental e Médio Dona Noêmia Dias Perotti, em Mirandópolis, no interior paulista.

Os alunos escutam música antes de discutir os temas de geografia e elaboram mapas temáticos e cartazes. Também fazem entrevistas no bairro em que moram para abordar temas de interesse, como a exclusão digital.

A cada vez que dá início a um novo tema, a professora pergunta aos estudantes o que eles já sabem sobre o assunto. No quadro, ela registra as informações da turma e, em seguida, expõe um problema para iniciar a discussão. É a “questão problematizadora”, apresentada a debate, com uso de imagens, artigos, mapas ou tabelas. “Após essa etapa, fazemos um estudo com textos e mapas e, por meio de atividades dirigidas, retomamos o que o grupo abordara inicialmente para validar ou refutar com base na fundamentação teórica”, explica a professora.

Valéria também elabora projetos para apresentar aos alunos. Atualmente, ela desenvolve trabalho com o mapa do município. O propósito é transmitir aos estudantes noções de orientação, localização e uso do sítio urbano. A avaliação da aprendizagem é feita com o envolvimento dos estudantes nas discussões e na realização de atividades que tenham como prioridade itens como leitura, compreensão e argumentação diante de textos, mapas, gráficos e tabelas.

Com licenciatura plena e bacharelado em geografia, Valéria está há 12 anos no magistério. “Escolhi lecionar geografia porque é um campo de conhecimento que permite compreender os lugares, olhando ao mesmo tempo para a relação dinâmica que ocorre entre a sociedade e natureza”, diz. “Os frutos dessa relação são as contradições que se manifestam no tempo e no espaço.”

Ana Júlia Silva de Souza

ACREDITAR NO FUTURO

domingo, 8 de abril de 2012

terça-feira, 3 de abril de 2012

Prof. Richard Milner

Prof. Richard Milner, da Vanderbilt University, fala sobre diversidade e igualdade de oportunidades

A entrevista inaugura a coluna Ideias e Conexões, assinada por Sonia Dias


O professor H. Richard Milner IV trabalha com a formação de educadores, preparando-os para lidar com a diversidade nas escolas, além de coordenar o Programa de Pós-graduação em Aprendizagem, Diversidade e Estudos Urbanos, do Peabody College, na Vanderbilt University, em Nashville, Tennessee.

Em entrevista concedida ao Portal Cenpec, ele fala sobre as diferenças de desempenho e oportunidades entre os estudantes, a importância do relacionamento entre professores e alunos e a dificuldade de alguns docentes em reconhecer as diferenças, sociais, raciais, culturais entre os alunos e a meritocracia.




Novo Piso Salarial 2024

  A luta está em torná-lo  real no holerite dos profissionais