sábado, 7 de maio de 2011

Uso das redes sociais na educação avança, mas ainda apresenta grandes desafios


por Marcelo Modesto
20 ABRIL 2011
Professores têm um novo papel a desempenhar na educação
Já são muitas as iniciativas de levar as redes sociais, tão presentes no dia a dia das pessoas, para a sala de aula. O desafio que se impõe às escolas agora é criar formas de se apropriar dessas ferramentas de maneira pedagógica, defende o professor José Armando Valente, pesquisador do Nied (Núcleo de Informática Aplicada à Educação), criado em 1983 na Unicamp e que trabalha com pesquisas e formação de educadores.

Para isso, diz Valente, será preciso encontrar um meio-termo no que está sendo feito. O pesquisador afirma que há dois tipos de professores atualmente: os deslumbrados com as tecnologias, que a enxergam como única solução para as questões educacionais, e os céticos, que não vêem com bons olhos essa discussão. Opinião semelhante tem João Mattar, da Anhembi Morumbi. “O grande desafio para os próximos anos será criar ambientes colaborativos de aprendizagem através das redes sociais e da web 2.0”, acrescenta o professor, que entre outros livros publicou “A Educação a Distância e o Professor Virtual – 50 Temas em 50 Dias On-line”.

O papel do professor

Outro ponto em que os dois pesquisadores concordam diz respeito ao lugar do educador nesse cenário. Mattar relembra suas experiências com EaD e ambientes virtuais de aprendizagem e diz que o docente/tutor tem um papel preponderante nesse processo à medida que cria conteúdos que privilegiam a interação e define os critérios pedagógicos para que ela ocorra.

De acordo com Valente, sem o docente, as redes sociais perdem o caráter educativo
Para Valente, sem a mediação de um docente, as redes sociais não têm como ter um forte caráter educativo. “Vemos que os bons casos de utilização das mídias sociais são aqueles em que o educador acompanha todo o processo, utiliza as ferramentas tendo em vista um projeto pedagógico mais amplo e demonstra domínio das funcionalidades que o meio escolhido possui.”

Dessa forma, Mattar destaca que um dos principais entraves para a utilização da web 2.0 nas escolas é o baixo preparo que os docentes possuem para atuar na rede, justamente por não terem domínio técnico para isso. “Se o professor não sabe usar o Twitter, como ele pode criar uma proposta pedagógica para ele?”, questiona.

Mas os que já estão familiarizados podem não apenas levar as ferramentas para a sala de aula, como usar as redes para o seu próprio desenvolvimento. Projeto realizado através do Twitter pelo professor João Mattar, o #eadsunday mobiliza pesquisadores e profissionais que atuam com educação online a debaterem e postarem referências na área. Para entrar na discussão, basta usar a hashtag (expressão que organiza as discussões e as torna mais fáceis de serem localizadas). Em média, são mais de 30 mensagens divididas entre diálogos e links interessantes a cada semana, além de mensagens de incentivo e congratulações. A ideia é fomentar debates nessa área através da troca de experiências, conta Mattar, que mantém o perfil @joaomattar no microblog.

João Mattar divide as redes sociais em três tipos

No primeiro, coloca as mais famosas, como Orkut, Facebook etc. Para Mattar, elas têm ampla penetração na sociedade, mas possuem poucos recursos educacionais. 

segundo tipo engloba as ferramentas que, além de terem a função de rede social, também disponibilizam conteúdos aos usuários, como YouTube, Twitter e Flickr. Esse tipo de rede é, para o professor, a que mais apresenta resultados positivos na educação. 

Um terceiro tipo, mais amplo, trata a rede social como qualquer grupo que se organiza e se relaciona e, segundo Mattar, pouco vai acrescentar para a educação.



Possibilidades de uso eficiente

Algumas práticas e comportamentos dos docentes e das escolas podem fazer com que projetos de utilização das redes sociais tenham sucesso. Mattar afirma que as novas gerações possuem um contato muito maior com informações –e de maneira gratuita–, mas isso não significa que elas saibam lidar com elas. E aqui é que o professor deve fazer a diferença. 

Mattar aponta iniciativas bem-sucedidas no uso das redes sociais na educação
Como exemplo, Mattar cita algumas iniciativas que já foram alvo de reportagens do Instituto Claro, como a central de notícias do colégioDante, em São Paulo, ou os trabalhos de interdisciplinaridade do Colégio Bandeirantes

Já Valente aponta como boas experiências aquelas que colocam o computador na mão do aluno. “É importante notar que o professor entra como um sujeito que ajuda o estudante, que coordena as atividades, mas não centraliza o processo”, afirma. O pesquisador do Nied reforça ainda que, nesse sentido, os desafios enfrentados pelas escolas brasileiras são muito parecidos com os do resto do mundo. “Estamos falando de um problema pedagógico, curricular, não somente de falta de estrutura.”



Professores defendem as redes sociais na sala de aula

Enquete realiza no portal em março levantou a seguinte questão: “Você acha que o professor deve levar as redes sociais para a sala de aula?”. O resultado mostrou que os docentes acreditam nessa junção: 89% dos que responderam à pergunta acreditam que sim, embora por motivos diferentes.


Os 11% que se colocaram contra o uso das mídias sociais em sala de aula alertaram para o fato de que elas podem distrair os estudantes e tornar as atividades menos produtivas. Para José Armando Valente, essa visão ainda reflete uma ideia de que o professor deve ser o centro do processo educacional. E chama atenção para o fato de o modelo de informática, com laboratórios e aulas explanativas, ter fracassado nas escolas justamente por isso.

Um comentário:

  1. Efectivamente hoje em dia não se pode prescindir nem evitar as redes sociais!
    Mas devemos alertá-los sempre para os seus perigos e aproveitar os seus benefícios.

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Eu aguardo as sementes que você possa vir a lançar. Depois selecioná-las e plantar.

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