quinta-feira, 28 de abril de 2011

Para refletir sobre a educação

Jornal do Commercio, 27/04/2011 - Recife PE


As mudanças ocorridas na educação nesses últimos anos são significativas 
José Paulino Peixoto Filho
Se considerarmos que a educação formal no Brasil teve início com a chegada dos primeiros Jesuítas, em 1549, e o domínio deles permaneceu até 1759, vamos ter como primeiro movimento em prol de mudanças significativas, por um projeto de educação nacional, o manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, sob a liderança de Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Fernando Azevedo entre outros. Esse movimento denominado de Escola Nova teve por finalidade pressionar o governo a desenvolver um sistema de educação pública e gratuita para a nação brasileira, frente ao processo de industrialização pela qual passava a sociedade, no início dos anos 30.

Outro momento histórico bastante relevante para a educação no Brasil se dá com o advento dos círculos populares de cultura, iniciado em Pernambuco e liderado por Paulo Freire, voltado especificamente para o processo de alfabetização de jovens e adultos. E esse movimento foi interrompido com o golpe de 64, e a educação no Brasil, durante os anos do regime militar, amargou o autoritarismo, a repressão e a falta de compromisso político com um projeto de educação libertadora. Escolas foram fechadas, professores foram perseguidos, acordos com organismos norte-americanos foram feitos para conduzir o processo educacional brasileiro. 

É somente com a abertura política dos anos 80, que as maiores conquistas vão ocorrer na educação nacional. Vale destacar a Constituição Federal de 1988, onde a educação passa a ser assegurada como direito de todos, de responsabilidade da sociedade, da família e dos governos, legitimada pela Lei 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação). Esses dois instrumentos legais vão assegurar, entre outras coisas, a exigência por uma formação inicial e continuada dos profissionais da educação para todos os níveis e modalidades de ensino, além de provocar um debate nacional sobre a importância da educação para o processo de civilização e desenvolvimento social. Considerando essas questões, podemos dizer que as mudanças ocorridas na educação nesses últimos anos são significativas: universalizamos o acesso a educação básica, melhoramos significativamente a formação inicial e continuada dos profissionais da educação, passamos a ingressar na carreira docente via concurso público, passamos a refletir no interior da escola sobre o tipo de educação que desejamos e a escola que queremos construir, articulada a um projeto de formação cidadã - que prepara o indivíduo para o mundo do trabalho, mas também para a vida e para a cidadania. 

Apesar dos avanços, falta ainda muito para que a educação seja aquilo que dela esperamos. Falta valorização profissional e salarial do professor, considerando a relevância e o papel que o conhecimento adquire na sociedade. Não se pode admitir que um professor, para manter suas necessidades básicas, tenha que trabalhar três expedientes e assim fique sem tempo para o estudo. Falta também por partes dos estudantes um envolvimento maior para com a escola. Falta, por parte da família, um compromisso maior com a educação dos filhos. Falta, por parte dos governantes, assegurar condições básicas para que a escola cumpra seu papel social de educar as gerações para serem protagonistas de seu projeto de vida. Como dizia o grande Educador Paulo Freire “A educação sozinha não transforma a sociedade, mas sem ela tão pouco a sociedade muda”.

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