terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Obesidade como fator de exclusão

Gazeta de Alagoas, 08/02/2011 - Maceió AL

SILVIO PROFIRIO DA SILVA
Chegamos ao novo milênio e com ele a intensificação das diversas formas de preconceito. Essa problemática não é algo recente. Contudo, tem se intensificado, nos últimos anos, refletindo – se nos mais diversos âmbitos sociais. Esse mal leva as pessoas a julgarem outras, com base em diversos fatores, tais como: sociais, econômicos, linguísticos, etários, opção sexual, cor, aparência física etc.
O preconceito ocorre de diversas formas. Algumas vezes, discreto, velado e indireto, por meio de eufemismos, comentários, olhares, etc. Mas, na maior parte dos casos, ele é direto e agressivo. De ambas formas, ele ataca suas vítimas, atingindo a auto – estima de seus alvos e, sobretudo, restringem acessos, privando o cidadão de seus direitos. Este último ilustra um fato que ocorreu recentemente em São Paulo.
Na noite do domingo, dia 06/02/2011, o fantástico exibiu uma reportagem que veiculava o fato de três professoras terem sido impedidas de assumir um cargo público, pelo fato de serem consideradas obesas. Ambas já exercem a função docente na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, porém como professoras substitutas (contrato temporário). No último concurso realizado por essa secretaria, elas foram aprovadas nas provas e nas etapas posteriores do processo seletivo. Contudo, na pericia médica, elas foram reprovadas, ainda que não houvesse nenhuma anomalia com os exames médicos solicitados. E, o pior, elas não receberam nenhuma justificativa para essa avaliação negativa.
Elas foram acompanhadas uma repórter (Renata Ceribelli) até a junta média, a fim de verificar o motivo pelo qual foram consideradas inaptas. Só assim elas conseguiram verificar o motivo de serem consideradas inadequadas ao exercício docente. No formulário de uma das docentes, constava uma anotação do medico com a palavra obesidade. No formulário da outra docente, apesar de o formulário ter sido retirado de suas mãos pelo diretor técnico do órgão, ela conseguiu perceber que constava o número do CID correspondente à obesidade. Diante dessa situação, a reporte questionou o preconceito que elas sofriam. No entanto, recebeu a declaração que elas estavam sendo consideradas como doentes. Isso em decorrência da obesidade. Fique perplexo diante dessa reportagem. Primeiramente, pelo fato de perceber como as diferentes formas de preconceito estão disseminadas em nossa sociedade. A propagação é tanta que órgãos governamentais que deveriam atuar no sentido de restringir esse mal que se difunde cada vez mais entre as pessoas, exercem um papel oposto ao que deveriam exercer. Mas, fiquei ainda mais perplexo, ao perceber como a sociedade impõe padrões às pessoas como requisitos de aceitação social e, nesse caso, de aceitação profissional.

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